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Homem Irracional (filme)
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O Homem Irracional

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

Woody Allen tem se acostumado a filmar dois filmes seguidos repetindo algum ou alguns atores. Alec Badwin em “Para Roma com Amor” (To Rome With Love, 2012) e “Blue Jasmine” (2013), Scalett Johansson em “Ponto Final: Match Point” (Match Point, 2005) e “Scoop: O Grande Furo” (Scoop, 2006), por exemplo. Em “O Homem Irracional”, a bola da vez é Emma Stone, com quem rodou “Magia ao Luar” (Magic in the Moonlight, 2014), na França. O próprio Woody Allen, novamente não aparece em cena.

Abe (Joaquim Phoenix) é um professor de filosofia na meia-idade sofrendo de crise existencial, depois que sua esposa o trocou por seu melhor amigo. Não vê mais graça em dar aulas, e não consegue terminar seu novo livro acadêmico. Perdeu a vontade até de fazer sexo. Apesar disso, Jill (Emma Stone) se encanta com ele, que é seu professor, e deixa de lado seu namorado para passar mais tempo com Abe.

Num desses passeios, enquanto comem em uma lanchonete, ouvem uma mulher reclamando que um juiz está decidido a conceder guarda compartilhada com seu ex-marido, o que considera um absurdo pois ele nem faz questão de vê-los. Isso desperta em Abe uma motivação que dará sentido a sua vida: assassinar esse juiz e acabar assim com o problema da mulher. Dessa forma, pensa ele, sua existência ganhará utilidade. Seus conhecimentos filosóficos fornecem a racionalização necessária para ele oprimir as questões morais envolvidas neste ato.

Moral em questão

O relacionamento entre Abe e Jill se aprofunda, porém, o diretor Woody Allen coloca uma dúvida sobre ele, provavelmente não pelo relacionamento professor e aluna, nem pela diferença etária, mas pelas questões morais em relação ao assassinato, que serão posteriormente debatidas no filme. Esse questionamento sobre os dois aparece na cena em que os dois se beijam pela primeira vez, que “O Homem Irracional” mostra pelo reflexo de um espelho distorcido de circo.

O filme usa a narração dos dois protagonistas, revelando o pensamento deles, recurso necessário para uma estória baseada em questões morais e filosóficas. Dessa forma o espectador pode acompanhar o raciocínio que Abe emprega para justificar seu ato e, contrariamente, como Jill desconstrói tal pensamento de uma forma mais pragmática.

Woody Allen escolheu o estado de Rhode Island, no sudeste norte-americano, para as locações. Não declaradamente, o nome do protagonista, Abe, guarda alguma relação com o notório ex-presidente Abraham Lincoln, cuja imagem aparece em uma das cenas em uma parede ao fundo.

Não é comédia

Em algumas sessões dos filmes anteriores de Woody Allen era comum ouvir risos na plateia, em momentos que não eram propriamente engraçados, mas que relacionavam a algum pensador ou escritor reconhecido. Em muitos casos, o riso forçado servia para o espectador mostrar que conhecia o tal referenciado.

Na verdade, “O Homem Irracional” não é comédia, é um drama e dos bons. Daqueles para se fazer pensar sobre o perigoso jogo da racionalização, como alertou Machado de Assis no capítulo “A Borboleta Preta”, de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. Ou seja, risos não são necessários.


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