Poster do filme "O Salário do Medo" (2024)
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O Salário do Medo (2024)

Avaliação:
4/10

4/10

Crítica | Ficha técnica

O livro de Georges Arnaud já rendeu dois incríveis filmes. Um deles é O Salário do Medo (Le salaire de la peur, 1953), de Henri-Georges Clouzot; o outro, O Comboio do Medo (Sorcerer, 1977), de William Friedkin. Surge agora uma nova versão, produzida pela Netflix e dirigida por Julien Leclercq, que desperdiça o que o material contém de mais original, que é o transporte de nitroglicerina em condições de risco.

Essa ideia está no roteiro deste O Salário do Medo (2024). Desta vez, a estória se passa num país muçulmano que sofreu um golpe de estado violento. Agora, um grupo militarizado está no poder. Num campo de refugiados, um poço de petróleo está em chamas e só uma explosão muito forte poderá abafar o fogo. Então, numa corrida contra o relógio, uma equipe de mercenários precisa transportar 200 quilos de nitroglicerina em dois caminhões através de uma rota precária de 800 quilômetros (que exagero!) no meio do deserto.

Ação no lugar do suspense

Contudo, o filme nunca explora o potencial da premissa do livro. Ao invés de criar suspense com o fato de a nitroglicerina poder explodir facilmente com os movimentos bruscos durante a jornada pelas estradas de terra, são os ataques dos guerrilheiros que representam a principal ameaça aos heróis da estória. Assim, muitos tiros alvejam os caminhões carregados de nitroglicerina. Deixando de lado o absurdo de a carga passar ilesa, o filme nem tenta provocar emoção por conta de tiros passando perto dos explosivos. Enquanto nas outras adaptações para o cinema qualquer solavanco poderia causar tragédia, aqui os caminhões correm velozmente fugindo desses ataques. Em certo momento, um desses veículos passa por cima de pedras num trecho montanhoso, sem que os sacolejos provoquem qualquer frisson no público.

O roteiro, além disso, se encerra com um sacrifício absurdo. Um dos protagonistas se joga com um dos caminhões para cima do poço de petróleo em chamas. Mas, por que ele não pulou fora antes de chegar ao alvo? Enfim, a questão mais enervante é outra, e envolve a produção como um todo. Para quê pagar pelos direitos de um livro se não vai aproveitar seu principal potencial?

O Salário do Medo (2024), portanto, se soma à lista de fiasco da Netflix. O diretor Leclercq fizera antes para a Netflix os superiores A Terra e o Sangue (La terre et le sang, 2020) e A Sentinela (Sentinelle, 2021). Mas, desta vez, entra numa fria ao deixar de fora o suspense do material original e privilegiar uma trama de ação genérica.

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Ficha técnica:

O Salário do Medo | Le salaire de la peur | 2024 | 104 min | França | Direção: Julien Leclercq | Roteiro: Hamid Hlioua, Julien Leclercq | Elenco: Franck Gastambide, Alban Lenoir, Sofiane Zermani, Ana Girardot, Bakary Diombera, Astrid Whettnall, Alka Matewa.

Distribuição: Netflix.

Onde assistir:
Mulher e homem com trajes militares conversam
Cena do filme "O Salário do Medo" (2024)
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