Foram necessários 14 anos para que a continuação do sucesso “Os Incríveis” (2004) chegasse às telas. Afinal, a Pixar precisava caprichar para não queimar esses personagens que caíram nas graças do grande público, e manter o potencial para novas produções. De fato, capricho não faltou: o orçamento estimado de “Os Incríveis 2” é de US$ 200 milhões! Um investimento astronômico que já se pagou em menos de um mês. Sua bilheteria mundial superou US$ 860 milhões, para satisfação da Disney, sua produtora.
A nova aventura está antenada com o empoderamento feminino. No cinema, evidenciado a partir de “Mad Max: Estrada da Fúria” (2015) e “Star Wars: O Despertar da Força” (2015), protagonizados pelas heroínas Furiosa (Charlize Theron) e Rey (Daisy Ridley). Dando sequência ao final do filme de 2004, os super-heróis do mundo dos Incríveis estão proibidos de usarem seus poderes, mas o prefeito decide liberar Helen, a Mulher-Elástico, dessa restrição. Enquanto ela enfrenta um vilão hipnotizador, seu marido Bob, o Sr. Incrível, fica em casa cuidando dos filhos Violeta, Flecha e o bebê Zezé. Edna Moda entra na estória também para cuidar dos vários superpoderes de Zezé, que agora são revelados para a família toda.
O filme possui vários momentos engraçados, mas, diferentemente de animações como “Shrek”, a aventura é que predomina. “Os Incríveis 2” possui um ritmo alucinante, com mais cenas de ação do que as produções recentes da Marvel e da DC Comics. O frenesi é tão intenso que pode até extenuar o espectador, porque há muito barulho e luzes intermitentes que justificaram até uma advertência para pessoas com epilepsia. Com suas mais de duas horas de duração, assistir a essa animação no cinema se torna uma experiência sensorial intensa.
Adequação ao público-alvo
Sem apelar para piadas vulgares ou referências do mundo adulto, “Os Incríveis 2” consegue se adequar ao público adulto e não cercear a classificação de censura livre. As crianças podem não relacionar a cena em que os heróis encontram o boneco do vilão hipnotizador com “Jogos Mortais”, a franquia de terror que o inspirou, mas essa sequência evita a sua violência explícita ou psicológica. Poucas produções conseguem, mais do que se adequar, mas agradar a adultos e crianças, para se inserir no que chamávamos de programa para a família, ainda mais em tempos de tanta sensibilidade em relação ao politicamente correto, que hoje não toleram clássicos da animação dos anos 1950 aos anos 2000, como Pernalonga, Pica-Pau e outros. “Os Incríveis 2” conquista essa proeza, é uma tremenda aventura para todas as idades.
Ficha técnica:
Os Incríveis 2 (Incredibles 2, 2018) EUA, 118 min. Dir/Rot: Brad Bird. Vozes de: Samuel L. Jackson, Holly Hunter, John Ratzenberger, Craig T. Nelson, Sarah Vowell, Huck Milne.