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Os Oito Odiados (filme)
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Os Oito Odiados

Avaliação:
9/10

9/10

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Crítica | Ficha técnica

Como os próprios títulos de abertura revelam, “Os Oito Odiados” é o oitavo filme do diretor Quentin Tarantino. Novamente, um faroeste em sua filmografia. Já no início, a câmera girando horizontalmente em ritmo lento, acompanhando a passagem de uma diligência, revela esta ambientação, ainda que os clichês se quebrem ao longo de suas três horas de duração. Por exemplo, no lugar da paisagem árida do deserto, neve, muita neve.

A bordo da diligência conhecemos os primeiros personagens de “Os Oito Odiados”. Suas características únicas logo se revelam e claramente se distinguem um dos outros. Por isso, apesar de serem oito, cada um se permite uma fácil identificação. Jennifer Jason Leigh, no papel de Daisy Domergue, se destaca, não só pela complexidade de sua personagem, mas principalmente por encarar um papel tão distante daqueles que viveu durante sua carreira.

Capítulos

A história é quebrada em capítulos, sendo que alguns foram seccionados apenas para inserir algo novo no filme, e não por real necessidade didática ou afim. Outros, porém, são imprescindíveis para a melhor compreensão das idas e vindas do roteiro.

A diligência chega a uma estalagem, onde todo o restante do longa metragem se ambientará. “Os Oito Odiados” praticamente dedica dois terços de sua duração para desenvolver seus personagens. Por isso, quando a ação de fato se inicia cada um deles já se tornou íntimo do espectador, agora refém de uma sensibilização com os acontecimentos por vir. Dessa forma, Tarantino alcança o mesmo resultado que John Ford em “No Tempo das Diligências” (1939).

Durante essa construção, diálogos que parecem fora do contexto- recurso muito utilizado pelo diretor em “Pulp Fiction: Tempo de Violência” (Pulp Fiction, 1994) – divertem a plateia, ajudando-a a atravessar esse terreno mais árido, e ainda assim repleto de tensão entre os personagens. Confinados na estalagem, de onde não podem sair devido a uma forte nevasca, a angústia lembra “Um Barco e Nove Destinos” (Lifeboat, 1944), de Alfred Hitchcock.

Cadê a violência?

Sendo um filme de Quentin Tarantino, o espectador fica na angústia porque sabe que quando a violência começara a surgir, ela não virá sutilmente. De fato, ela surge em carga desmesurada, mas ainda coerente dentro do faroeste. Porém, depois logo explode em quantidades abundantes de sangue, cabeças explodindo, aproximando-se mais do terror splatter.

Contudo, talvez o melhor de “Os Oito Odiados” resida na quebra do convencional. Ao inserir uma narração (feita pelo próprio diretor) em um momento não esperado, pois esse recurso não havia então aparecido, Tarantino relembra aos espectadores que este é um filme seu. A artimanha não é gratuita, tem sua finalidade narrativa, pois revela um fato novo não exibido na tela, permitindo então um flashback distinto de uma situação já vista. Aliás, esse truque se repete para explicar o mistério da estória, que poderá revelar ao espectador se ele identificou as dicas espalhadas ao longo do filme. Por exemplo, a balinha doce que Major Marquis Warren (Samuel L. Jackson) enxerga no chão, ou a bizarra porta que só pode ser fechada pregando uma madeira ao batente.

Reviravolta

Em termos de reviravoltas, esse com certeza ganha em disparada de qualquer outra obra desse cineasta. Várias vezes ele engana o espectador ao apresentar uma solução que soa como o final do filme. Nada disso, há um pouco mais a ser visto.

Não falta o crescendo de violência, porém em “Os Oito Odiados” ele aparece um pouco mais espaçado e durante o terço final de sua projeção. Quando deságua em violência explícita e exagerada, provoca risos da plateia, ciente de seu sarcasmo e de seu costume de inserir referências cinematográficas. Enfim, tudo regado a trilha sonora anacrônica. Sarcasmo maior, porém, surge em uma imagem sutil perto do final quando Daisy Domergue ganha asas de anjo, por breves segundos.


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