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Pai (filme)
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Pai

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

No filme Pai, a ingrata luta de um homem comum contra o sistema e a corrupção para recuperar a guarda dos seus dois filhos.

A trama

O drama, filmado com preocupação em retratar a realidade, se inicia com uma abertura chocante. Assim, uma mulher, desesperada com a fome que ela e seus filhos enfrentam, se revolta com a empresa que demitiu seu marido e não pagou todas as verbas que devia. De repente, no pátio, ela ateia fogo em si mesma, sendo socorrida a tempo de não sofrer queimaduras fatais.

Logo depois, o chefe da secretaria local da pequena cidade decide que ela e o marido Nikola não possuem as condições econômicas necessárias para criar os filhos. Então, eles, um garoto pré-adolescente e uma menina ainda criança, são enviados a uma família que recebe subsídio do governo para cuidar deles. Quando o pai descobre que se trata de um esquema do funcionário público para receber uma parte do auxílio, decide caminhar por 300 km até Belgrado, para entregar pessoalmente seu recurso para o ministro.

Durante o trajeto, o filme evidencia sinais de decadência econômica nas cidades menores da Sérvia. Nesse contexto, o protagonista Nikola passa fome, e até desmaia e vai parar no hospital. Mas ele não é o único nessa situação. Da mesma forma, outras pessoas também sofrem com a pobreza, nos vários estabelecimentos abandonados que o personagem percorre. Como resultado, o cenário lembra o pós-guerra retratado no neorrealismo italiano.

Em seguida, em Belgrado, Nikola precisa dormir na rua, até ser atendido pelo ministro – na verdade, pelo assistente do ministro. Adicionalmente, a imprensa, ao explorar sua estória, gera uma pressão no poder público que o ajuda. Nesse sentido, a situação do homem simples contra o poder intransigente remete ao Zé do Burro enfrentando a Igreja no filme O Pagador de Promessas (1962), dirigido por Anselmo Duarte.

Soco no estômago

Definitivamente, o filme é um soco no estômago. Afinal, o secretário da cidade de Nikola não segue a recomendação do ministro conseguida com tanto esforço em Belgrado. O esforço foi em vão, e, para piorar, quando ele retorna a sua casa, descobre que os vizinhos, acreditando que ele não retornaria mais, invadiram e levaram as poucas coisas que ele tinha lá dentro.

E como Pai não é filme hollywoodiano, sua conclusão não cai na vala comum, nem do melodrama choroso, nem do final feliz. O roteiro de Srdan Golubović e Ognjen Sviličić opta pela via mais realista, e Nikola segue firme, sem sentir pena de si mesmo. O plano final mostra ele sentado, no centro da tela, como se pronto a continuar sua luta, mesmo que vencer seja quase impossível.


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