Lembram-se da canção “Under The Bridge”, do Red Hot Chilli Peppers? Era uma apologia ao amor pela cidade de Los Angeles. Pois, Paris, filme do diretor Cédric Klapisch, segue o mesmo caminho e faz da capital francesa a personagem principal do enredo. O longa conta duas histórias tendo “Paris” como elo entre elas.
Os irmãos
Comparando um quadro antigo de uma vista da cidade, com a mesma vista atual, dois irmãos refletem sobre a passagem do tempo em suas vidas. O mais novo, interpretado por François Cluzet, é alvo de inveja do mais velho, por ser bem casado, prestes a ter seu primeiro filho e um arquiteto bem sucedido. Porém, vemos em um sonho, mostrado criativamente em formato de animação, que ele está repleto de angústias.
Fabrice Luchini faz o papel do irmão mais velho, Roland. Solteiro e professor universitário desmotivado, deixa-se atrair pela beleza de uma de suas alunas (Mélanie Laurent). A garota descobre o interesse de seu professor e, encarando o sexo de formal liberal como se espera dos franceses, transa com ele e passam momentos divertidos. Roland, porém, acredita que a relação pode ser mais séria. Então, cabe à cidade de Paris mostrar-lhe a dura realidade: do alto do Montmartre, através de uma luneta, Roland vê sua amada com outro.
Élise e Pierre
Juliette Binoche vive Élise, uma mulher de 40 anos desencantada com o amor, que decide dedicar-se ao seu irmão que está morrendo. O modo de vida de Pierre (Romain Duris), leve e otimista, influencia sua irmã, que se solta e parte para um novo relacionamento. A cena em que Pierre vai de táxi até o hospital, que poderá ser um dos seus últimos momentos vivo, observando a cidade com um singelo sorriso no rosto, é tocante sem nunca ser melodramática.
Essencialmente, a grande força do filme repousa na influência do modo de vida parisiense em seus personagens. O resultado é agradável, graças à magia da cidade e do excelente elenco.
