Poster do filme "Sex"
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Sex

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

Este é o primeiro filme da trilogia Sex, Love, Dreams do diretor norueguês Dag Johan Haugerud. Como em seu Nossas Crianças (Barn, 2019), que chegou a ser lançado no Brasil, o diretor novamente realiza um filme para adultos, com temas sérios discutidos profundamente. Para isso, repete o uso de cenas longas, em geral constituídas também por planos longos, para assim permitir o fluxo de ideias e argumentos sem nenhuma interrupção.  

A cena na qual dois amigos, sentados à mesa no trabalho, confidenciam recentes experiências exemplifica essa escolha formal de Haugerud. Primeiro, Avdelingsleder conta a seu amigo Feier que tem sonhado recorrentemente com David Bowie olhando para ele como se fosse uma mulher. A câmera está num tripé e filma um close-up frontal do amigo, num plano contínuo e fixo. Todas as atenções se concentram nele, enquanto se indaga sobre o significado desse sonho. Até que a câmera se vira e inclui no quadro Feier, que faz uma declaração muito mais contundente. No dia anterior, ele transou com um homem pela primeira vez na vida, mas afirma que não é gay e que se tratou de sexo casual. 

Com tal certeza, Feier não hesita em contar para a sua esposa o que aconteceu. Para a surpresa dele, ela se entristece profundamente, e encara como um ato de infidelidade conjugal. O debate de suas opiniões domina o filme, com muitas observações instigantes que provocam o espectador a embarcar na discussão. Feier acredita que o que fez não deveria causar nenhum abalo na relação do casal por ser um sexo sem amor, uma experiência única que não se repetirá, uma transa com um homem sem que ele seja gay etc. Porém, para sua mulher, ele simplesmente a traiu e isso só seria aceitável se eles tivessem acordado viver numa relação aberta. Não existem soluções prontas e a aparente conciliação é contrariada no plano que parte do casal até a pia da cozinha com a louça suja, simbolizando que muita coisa ainda precisa ser arrumada. 

O filme também levanta o questionamento de Avdelingsleder sobre o significado de seu sonho. Esse problema, que ele compartilha com a mulher, é bem menos interessante do que o de Feier. Mas, parece uma situação que serve de espelho para a outra, dando-lhe assim a oportunidade de encontrar alguma resposta na visão do outro. Avdelingsleder, talvez por ser cristão e aceitar o conceito de pecado, sugere que o melhor seria Feier ter mantido sua transa em segredo. Este, por outro lado, ao ver o amigo cantando e dançando no palco numa apresentação musical enxerga facilmente a androgenia que o sonho com Bowie indicava.  

No fundo, o filme Sex pretende principalmente provocar a reflexão. Estas supostas respostas do parágrafo anterior são apenas conjecturas de uma possível leitura. O importante mesmo é o exercício de pensar sobre o assunto e, por isso, Dag Johan Haugerud inclui vários segmentos da paisagem urbana de Oslo, embalados pela bela música instrumental de Peder Kjellsby, convidando a esse exercício. 

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Ficha técnica:

Sex | 2024 | Noruega | 118 min. | Direção: Dag Johan Haugerud | Roteiro: Dag Johan Haugerud | Elenco: Jan Gunnar Røise, Thorbjørn Harr, Siri Forberg, Birgitte Larsen.

Distribuição: Imovision.

O filme “Sex” estreia nos cinemas no dia 3 de abril.

Trailer:

Onde assistir:
Thorbjørn Harr e Jan Gunnar Røise em "Sex" (crédito Agnete Brun @Motlys)
Thorbjørn Harr e Jan Gunnar Røise em "Sex" (crédito Agnete Brun @Motlys)
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