Em “Southland Tales: o Fim do Mundo”, o diretor e roteirista Richard Kelly extrapola a ousadia de seu filme anterior “Donnie Darko” (2001), trazendo para as telas um futuro próximo caótico à altura das loucuras de “Brazil, o Filme”. É o mesmo nonsense que flerta com o cômico, porém, choca mais que o filme de Terry Gilliam por se aproximar em tempo e localização ao que vivemos hoje.
Uma bomba nuclear explode no Texas e o mundo se transforma. Nos Estados Unidos, os estados ganham força e há necessidade de visto para se atravessar suas fronteiras. Na Califórnia, precisamente em Los Angeles, há vigilância por toda a parte, seja por militares nas ruas, seja eletronicamente, através de uma agência de informações.
O famoso ator Boxer Santaros (Dwayne Johnson) é sequestrado depois devolvido com amnésia. Ele havia escrito um roteiro com a atriz pornô Krista Now (Sarah Michelle Gellar) que previa acontecimentos que se concretizaram e, por isso, virou alvo de estudo. Enquanto isso, um cientista inventa a solução para a falta de combustível, através de uma energia originada pelo movimento das ondas do mar, e quer lucrar com sua descoberta.
Sem protagonistas
Há uma quantidade grande de personagens, e nenhum deles como protagonista. Essa talvez seja a maior falha do filme, que por isso não consegue engajar o espectador, que acaba se perdendo tentando entender os detalhes da estória. Esforço em vão, pois o projeto envolve também graphic novels para uma compreensão completa. Mas dá para curtir o filme com a visão de que ele procura principalmente ser sarcástico com os possíveis desdobramentos que a atual política mundial poderia acarretar em caso de um ataque nuclear. Como em “Dr. Fantástico”, o humor negro não causa gargalhadas, mas sorrisos nervosos.
Alguns comediantes fazem parte do elenco, provando o tom irônico do filme. Cheri Oteri e Amy Poehler, do programa “Saturday Night Live” marcam presença em papéis pseudo sérios. Trouxeram, ainda, de volta às telas aquela senhora baixinha de “Poltergeist, o Fenômeno” (Poltergeist, 1982), com sua voz arrepiante (Zelda Rubinstein). Mas o nada talentoso ator Dwayne Johnson é quem representa melhor “Southland Tales: o Fim do Mundo”. Ele faz seu trabalho da melhor forma que pode, mas o resultado é totalmente caricato. O filme, igualmente, é tão kitsch quanto “Barbarella” (1968). Indicado somente para quem gosta dessas farsas.
Ficha técnica:
Southland Tales: o Fim do Mundo (Southland Tales, 2008) 145 min. Dir/Rot: Richard Kelly. Com Dwayne Johson, Sarah Michelle Gellar, Seann William Scott, Curtis Armstrong, Todd Berger, Joe Campana, Rebekah del Rio, Nora Dunn, Jaret Gardiner, Janeane Garofalo, Beth Grant, Wood Harris, Shannon Lee Holmes, Christopher Lambert, John Larroquette, Bai Ling, Jon Lovitz, Abbey DiGregorio, Mandy Moore, Holmes Osborne, Cheri Oteri, Amy Poehler, Lou Taylor Pucci, Miranda Richardson, Jill Ritchie, Zelda Rubinstein, Will Sasso, Wallace Shawn, Sab Shimono, Kevin Smith, Justin Timberlake, Lisa K. Wyatt.
Assista: entrevista com Richard Kelly