De Niro em papel duplo desvia a atenção do espectador, que se esforça para acompanhar a trama que traz mais informação do que emoção.
Diretor no estilo clássico, Barry Levinson nunca mais atingiu o nível de qualidade dos seus filmes dos anos 1980, como Bom Dia, Vietnã (1987) e Rain Man (1988). Pelo menos no cinema, pois realizou uma forte produção para TV, O Mago das Mentiras (2017).
Em The Alto Knights – Máfia e Poder, Levinson se esmera em escalar Robert De Niro para interpretar dois protagonistas, os amigos de infância Frank Costello e Vito Genovese, que se tornaram gangsters rivais em Nova York nos anos 1950. São figuras reais e notórias, como demonstra as fotos que aparecem em uma sequência ilustrando a narração de Frank.
Mais informação que emoção
A despeito de seu classicismo, Levinson parece seguir o modismo de começar o filme com um flash forward, no qual um capanga de Vito tenta assassinar Frank. Entra, então, a narração de Frank contando a história dos dois amigos que cresceram juntos e, quando adultos, abriram a casa noturna The Alto Knights Social Club. Mas, Vito passou um tempo na Itália para não ser preso, e quando retornou encontrou Frank enriquecido, numa posição alta no controle firme da Família Luciano. Começou aí o desentendimento entre os dois.
O flash forward tem vida curta. Logo no início o enredo alcança esse ponto da trama, o que libera a narrativa a apresentar os fatos de forma mais livre. Mas, surgem vários flashbacks que deixam o relato cheio de eventos um tanto confuso.
A ideia de usar Robert De Niro em dois papéis funciona no sentido de o ator, com a ajuda de muita maquiagem e próteses, diferenciar bem quem é Frank Costello e quem é Vito Genovese. Mas, demanda atenção demais da direção, que precisa se preocupar em filmar os planos duplamente, com o cuidado de manter a coerência visual e dramática na cena. O efeito parece mais prejudicial do que favorável, pois também distrai o espectador, que fica preocupado em distinguir os dois personagens, pois, por mais diferentes que sejam, é impossível ignorar que De Niro está por trás de ambos.
Além disso, para um filme de gangster, a violência parece tímida. Depois do atentado na abertura, só o assassinato do ex-marido de Anna (Kathrine Narducci) causa algum impacto. Ademais, o uso de fade-outs no final de algumas cenas evidencia ainda mais que o roteiro tenta costurar os vários eventos que envolveram esses dois mafiosos conhecidos. Mas, o resultado traz mais informação do que emoção.
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Ficha técnica:
The Alto Knights: Máfia e Poder | The Alto Knights | 2025 | 120 min. | EUA | Direção: Barry Levinson | Roteiro: Nicholas Pileggi | Elenco: Robert De Niro, Cosmo Jarvis, Debra Messing, Kathrine Narducci, Michael Rispoli, Wallace Langham.
Disribuição: Warner Bros.