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Tiro de Misericórdia (filme)
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Tiro de Misericórdia

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

“Tiro de Misericórdia” é o melhor filme do diretor Phil Joanou.

Phil Joanou

Quando o diretor Phil Joanou estreou em longa-metragens com “Te Pego Lá Fora” (Three O’Clock High, 1987), a impressão era que sua carreira seguiria lado a lado com a dos irmãos Joel e Ethan Coen, que lançaram no mesmo ano “Arizona Nunca Mais” (Raising Arizona, 1987). Afinal, surgiam simultaneamente esses cineastas com a mesma tendência de aproveitar ao máximo a mobilidade das câmeras mais modernas da época para criar movimentos com extrema agilidade. Eram verdadeiras acrobacias que deixavam o espectador maravilhados. E nunca pareciam gratuitos, porque estavam conectados ao ritmo frenético desses filmes.

Mas o tempo acabou por diferenciar os seus caminhos. Os irmãos Coen se tornaram respeitados cineastas autorais, ganharam o Oscar e outros prêmios. Enquanto isso, Joanou foi ficando cada vez mais esquecido para os cinéfilos, especializando-se como diretor de videoclipes, principalmente da banda U2. “Tiro de Misericórdia”, o segundo filme de Phil Joanou, é o ponto alto de sua carreira, e marca o último momento em que ainda se equiparava aos irmãos Coen, cujo segundo filme foi “Ajuste Final” (Miller’s Crossing, 1990).

Tiro de Misericórdia

Em “Tiro de Misericórdia”, Sean Penn interpreta Terry Noonan, um policial que se infiltra na máfia irlandesa, na Hell’s Kitchen de Nova York, onde cresceu, e se reaproxima de seu melhor amigo Jackie Flannery (Gary Oldman), irmão de sua antiga namorada Kathleen (Robin Wright) e do chefão da gangue Frankie (Ed Harris). Porém, Terry se sente mal por enganar seu amigo, ainda mais quando volta a se envolver romanticamente com Kathleen. Tudo piora quando Frankie mata o amigo de Jackie, vivido por John C. Reilly, e ele desconta nos comparsas da gangue rival liderada por Borelli (Joe Viterelli).

“Tiro de Misericórdia” lembra ótimos filmes sobre a máfia, principalmente aqueles dirigidos por Martin Scorsese, em particular “Os Bons Companheiros” (Goodfellas), também de 1990. As locações são as mesmas, Little Italy em Nova York, e várias cenas se passam em bares. Adicionalmente, a trilha sonora é recheada de rock: Rolling Stones, Guns n’Roses e, claro, U2.

A religiosidade católica aparece em uma belíssima cena em uma igreja, que se encerra com a câmera se afastando, com Jackie ao centro se lamentando pela morte do amigo, tendo Kathleen e Terry em cada uma das laterais. De fato, um plano muito tão bem construído que parece uma pintura. Esse e outros movimentos de câmera, desta vez bem mais contidos do que no filme de estreia de Phil Joanou, remetem também ao estilo de Scorsese. Principalmente quando um travelling que acompanha os personagens na rua até entrarem em um prédio segue na lateral da parede desse edifício.

O Poderoso Chefão

E pela temática dos conflitos familiares dos mafiosos, “Tiro de Misericórdia” se aproxima dos filmes da saga de “O Poderoso Chefão” (The Godafather), de Francis Ford Coppola. Inclusive pela execução entre irmãos e pelo clímax que coloca em paralelo tomadas de uma parada popular para comemorar o St. Patrick’s Day e tomadas do tiroteio final. Este, além disso, lembra também o mestre da violência Sam Peckinpah, com um brilhante uso da câmera lenta para acentuar a agressividade da situação.

O diretor Phil Joanou mostra muito talento também na construção do suspense. Por exemplo, na citada cena final. Bem como na sequência em que Frankie e Borelli discutem em um restaurante, enquanto Frankie precisa dar um telefonema a sua turma para que não entrem atacando, que descambaria em uma guerra em plena luz do dia, com várias mortes.

O elenco é excepcional. Gary Oldman e Sean Penn brilham em interpretações magistrais, Oldman retratando o instável Frankie e Penn o atormentado Terry. Já Robin Wright e John Turturro evidenciam o talento que desabrocharia em suas carreiras posteriormente. Enquanto isso, Ed Harris projeta o perigo constante que o chefe mafioso representa.

Enfim, é uma pena que Joanou preferiu se dedicar mais à indústria dos videoclipes, realizando posteriormente poucos e inferiores filmes. Uma outra preferência poderia ter nos brindado com nova obras de qualidade como este “Um Tiro de Misericórdia”.


Tiro de Misericórdia (filme)
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