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Três Anúncios Para Um Crime
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Três Anúncios para um Crime

Avaliação:
10/10

10/10

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Crítica | Ficha técnica

Três Anúncios para um Crime cheira a novidade, possui aquele clima de filme de Ethan e Joel Coen. Afinal, conta com a presença de Frances McDormand, esposa de Joel, no papel principal e a estória se passa no ambiente caipira de uma pequena cidade interiorana estadunidense, cenário preferido dos irmãos cineastas. Mas esse não é o único motivo de esse filme ser uma obra-prima.

E o diretor e roteirista do filme, Martin McDonagh, não desperdiça seu talento sendo prolífico. Faz um filme a cada quatro anos, em média, mas sempre títulos de qualidade. Receberam muitos elogios os seus três primeiros: O Revólver de Seis Tiros (2004), Na Mira do Chefe (2008) e Sete Psicopatas e um Shih Tzu. Este seu quarto filme parece ser o ponto mais alto de sua carreira, até agora.

McDonagh mostra que não é preciso um vilão com uma faca na mão para se criar suspense. Mildred (Frances McDormand) acaba de alugar três painéis numa estrada em frente a sua casa. Quando prontos, o espectador anseia por conhecer o seu conteúdo, e, para descobrir, precisa acompanhar as mensagens escritas, do último cartaz até o primeiro, seguindo as ações do policial Dixon (Sam Rockwell). A curiosidade de quem assiste é muito bem manipulada pela forma como a cena foi filmada.

Anúncios reivindicatórios

Os três anúncios na estrada representam uma reivindicação de Mildred para que o chefe de polícia Willoughby (Woody Harrelson) e sua equipe se empenhem mais para descobrir quem estuprou e matou sua filha adolescente, naquele exato local, visível da janela da casa dela. Essas peças publicitárias acabam provocando um rebuliço na cidade, e eventos subsequentes acabam transformando Mildred em vilã depois da morte de Willoughby.

A personagem de Mildred reúne singularidade suficiente para carregar o filme nas costas, se necessário fosse. Durona, ela vai direto ao assunto, sem medo de encarar ninguém, nem mesmo o comandante Willoughby, e muito menos seu ajudante agressivo Dixon. Lembra um pouco a protagonista de Fargo: Uma Comédia de Erros (1996), que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz. A diferença é que Mildred é falastrona, e ninguém a vence em uma discussão. Os diálogos afiados são uma das melhores qualidades de Três Anúncios para um Crime, revelando duelos inteligentes entre os personagens.

Policial agressivo

O policial Dixon, dono de inteligência no nível mínimo, apela para a agressividade todo o tempo. Quando o publicitário Red Welby (Caleb Landry Jones) o chama de torturador de negros, ele se defende dizendo que torturou pessoas de cor, e não negros. Pois Dixon apresenta uma das maiores reviravoltas em um arco de personagem da história do cinema, após a carta póstuma de Willoughby para ele, aconselhando que deixe de lado o ódio. Em um filme em que as soluções não são fáceis, essa mudança talvez seja o elemento que possivelmente disseminará uma nova perspectiva para os personagens principais. É o que se pode alegar depois que Dixon provoca um raro sorriso em Mildred.

Martin McDonagh prefere que o desfecho do filme seja aberto, para que o próprio espectador especule o destino dos personagens. Não poderia ser diferente, já que durante todo o filme não há preto no branco, todos são vilões e ao mesmo tempo heróis. Essa complexidade, os diálogos inteligentes, as atuações brilhantes, prendem o público do primeiro ao último minuto deste filme soberbo.

Três Anúncios para um Crime concorre a sete Oscars. Merece levar os prêmios de melhor filme, roteiro, atriz principal (Frances McDormand) e ator coadjuvante (Woody Harrelson e Sam Rockwell foram indicados, mas esse último merece mais).


Três Anúncios Para Um Crime (filme)
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