Watchmen: O Filme é indicado para aqueles adultos que adoravam HQs quando adolescentes, mas acham os filmes dos Vingadores e similares juvenis demais. Adaptado da obra de Alan Moore e Dave Gibbons, o filme de Zack Snyder surpreende por sua violência e ousadia (tem até cenas de nudez e de sexo entre os super-heróis). Acima de tudo, por lidar com temas sérios.
Na realidade alternativa do filme, em 1985, Richard Nixon cumpre seu terceiro mandato como presidente dos EUA. A Guerra Fria ainda existe, mas desde o surgimento de um super-herói ultrapoderoso, o Dr. Manhattan, a União Soviética não se atreve a atacar outros países.
O Dr. Manhattan foi o responsável pela vitória dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã. Mesmo assim, o grupo de heróis a que ele pertence, o Watchmen é malquisto pela população. Afinal, eles são cruéis e antiéticos. O Comediante, um dos piores deles, é misantropo, mata uma vietnamita grávida dele a sangue frio e tenta estuprar a heroína Júpiter. Rorschach, outro membro, é um psicopata violento que não aceita prender bandidos, e sim, mata-los com crueldade.
A estória começa com o assassinato do Comediante, e a investigação dos demais membros para descobrir quem é o culpado.
Direção de Zack Snyder
Antes, Zack Snyder já havia dirigido 300 (2006) e imprime aqui o mesmo estilo ágil e moderno. Nesse sentido, as lutas muito bem coreografadas mesclam velocidade acelerada e slow motion, sempre emocionantes, mesmo quando arrisca um fundo musical com a balada “Unforgettable”. Desta vez, o diretor de fotografia Larry Fong preferiu não copiar tanto o traço gráfico dos quadrinhos, como fez em 300. Assim, garante um pouco de realidade a essa trama essencialmente urbana. Parece ser esse também o motivo para o filme ser tão violento. É quase gore em algumas cenas, mostrando mutilações, fraturas de ossos, tentativa de estupro e pedofilia.
E há muitas referências políticas, sociais e culturais em Watchmen: O Filme, que colocam a estória como se fosse mesmo uma realidade alternativa. Por exemplo, Guerra do Vietnã, manifestações, reconstituição do assassinato de John Kennedy, Andy Warhol, e músicas de Bob Dylan e Leonard Cohen. Para os cinéfilos, é impagável a cena em que o Dr. Manhattan surge com seu tamanho imponente no campo de batalha vietnamita, ao som de “Ryde of the Valkyries”, de Richard Wagner, tomando o lugar das bombas Napalm. Uma bela homenagem a Apocalipse Now (1979), de Francis Ford Coppola.
Além disso, os protagonistas possuem um aprofundamento psicológico raro em aventuras de super-heróis. Principalmente, quando criados especialmente para a estória, e não os nomes tradicionais surgidos nas décadas de 1940 e 1950. São personagens com várias dimensões, heróis humanos, com várias falhas, e fugindo dos estereótipos de figuras quase perfeitas.
Dessa forma, Watchmen: O Filme se confirma como uma inteligente e rara aventura para adultos de super-heróis transposta ao cinema com talento.
Ficha técnica:
Watchmen: O Filme (Watchmen, 2009) EUA. 162 min. Dir: Zack Snyder. Rot: David Hayter, Alex Tse. Elenco: Billy Cudrup, Patrick Wilson, Carla Gugino, Matthew Goode, Jackie Earle Haley, Jeffrey Dean Morgan, Matt Frewer, Malin Akerman, Stephen McHattie, Laura Mennell, Rob LaBelle, Gary Houston, James M. Connor, Mary Ann Burger, John Shaw, Robert Wisden, Jerry Wasserman, Don Thompson, Apollonia Vanova, Leah Gibson.
