Mais do que um filme sobre música, Whiplash: Em Busca da Perfeição aborda a relação conflituosa entre mestre e aprendiz. O cinema reúne preciosas obras com este tema, como Nascido Para Matar (1987) e A Força do Destino (1982). O terreno nestes filmes era o exército, mas o objetivo era o mesmo: transformar seus discípulos, custe o que custar.
Andrew (Miles Teller) é um jovem baterista que entra numa famosa escola de música. Fletcher (J.K. Simmons), um respeitado professor enxerga nele talento a ser desenvolvido e o convida para sua banda. Então, Andrew enfrenta o método quase sádico de Fletcher, que humilha seus alunos na frente de todos, grita, e até os agride fisicamente. Colocando o objetivo de ser um grande músico à frente de tudo na sua vida, Andrew se esforça o máximo para estar à altura do nível exigido pelo seu mestre. Porém, os limites de Fletcher são muito mais altos do que ele pensava.
Perfeição
A busca da perfeição, que aparece no título nacional, tem tudo a ver com o filme. Whiplash: Em Busca da Perfeição é apenas o segundo filme do diretor Damien Chazelle, de 30 anos. O primeiro, Guy and Madeline on a Park Bench, também se situava no ambiente dos músicos de jazz.
Há um capricho visual que se destaca em toda a exibição de Whiplash: Em Busca da Perfeição. Mas, Chazelle se distanciou bastante das filmagens de apresentações musicais. De fato, a linguagem cinematográfica impera na película. A quantidade de tomadas, principalmente durante as performances musicais, impressiona. Nesse sentido, cortes ágeis e movimentos de câmera acompanham o ritmo das músicas, em perfeita sincronia.
A intensidade do filme também se encontra nas atuações dos atores principais. Por exemplo, J.K. Simmons, no papel de Fletcher, foi a maior barbada no Oscar de melhor ator coadjuvante de 2014. Em tom intimidador, sua voz exala autoridade, tanta que soa compreensível que nenhum de seus alunos ousam retrucar seus insultos. Mesmo quando utiliza apenas suas expressões faciais e corporais, Fletcher amedronta. Já Miles Teller, por outro lado, mostra o lado frágil que amadurece com a relação dura, ganhando personalidade enquanto enfrenta as dificuldades. Então, não há como o espectador não se simpatizar com ele. Aliás, sim, é ele mesmo que toca a bateria.
Enfim, Whiplash: Em Busca da Perfeição não é somente para amantes de jazz, é para amantes de cinema.
