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Poster do filme "Zona de Exclusão"
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Zona de Exclusão

Avaliação:
7,5/10

7,5/10

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Crítica | Ficha técnica

Zona de Exclusão acompanha vários personagens na fronteira entre a Bielorrússia e a Polônia durante quatro meses, entre outubro de 2021 e fevereiro de 2022. Os diversos pontos de vista escancaram mais uma história contemporânea de crueldade entre seres humanos. Nessa região, refugiados pretendem conseguir exílio na União Europeia, seja na Polônia ou alcançando a Alemanha ou a Áustria. Porém, as polícias das fronteiras os jogam de um lado a outro, usando violência desmedida, até mesmo contra crianças.

Os grupos

O primeiro grupo que o filme apresenta é uma família da Síria, composta por um casal, duas crianças e um idoso. A eles se junta uma mulher afegã, que os ajuda com sua coragem e a capacidade de falar inglês. Nos seus primeiros dias, fica evidente o jogo entre os guardas da fronteira da Polônia e da Bielorrússia. Quando chegam ao local, esses refugiados atravessam a cerca de arame farpado e entram na Polônia. Mas, lá os moradores os denunciam e a polícia os leva de volta para a Bielorrússia. O enredo, fugindo do realismo (pois a truculência não tem essa gradação), mostra uma violência crescente a cada passagem pela fronteira, de ambos os lados contra os estrangeiros.

O motivo dessa agressividade é explicitada na perspectiva sobre os guardas poloneses – o lado bielorrusso não conta com essa proximidade, e parecem ainda mais monstruosos. No quartel, o líder polonês justifica a abordagem dura contra os refugiados porque eles são considerados infiltrados políticos inimigos, enviados principalmente pela Rússia. Para evitar uma generalização coletiva (como acontece com os guardas bielorrussos), há uma abertura para a humanização desses soldados poloneses, ao individualizar a transformação na consciência de um dele, um jovem cuja mulher está prestes a dar à luz.

Por fim, o terceiro grupo representa os ativistas. São voluntários poloneses inconformados com o tratamento que seus compatriotas dão aos refugiados na região. A principal ação deles se concentra em aliviar o sofrimento deles, dando-lhes roupa limpa, água, bebida, e prestando os primeiros socorros. A individualização, desta vez, cai sobre Julia (Maja Ostaszewska), uma psicóloga viúva que resolve ajudar, mas indo além dessa atenção básica.

Agnieszka Holland

Filmes de opressores contra vítimas indefesas provocam imediata empatia pelo oprimido, e Zona de Exclusão não é exceção. Pudera, pois a violência na tela beira o sadismo, e inclui ataques contra crianças, velhos e mulheres, até grávidas. Impossível ficar impassivo diante desses horrores. A não ser que a direção estrague tudo. E isso a experiente diretora polonesa Agnieszka Holland não deixa acontecer.

Com carreira iniciada nos anos 1970, Holland recebeu indicação ao Oscar de roteiro adaptado pelo seu filme Filhos da Guerra (Europa Europa, 1990). E ainda mantém carreira ativa, transitando entre trabalhos para séries e para o cinema. Seu último filme para a telona, O Charlatão (Charlatan, 2020), merece uma conferida, mas Zona de Exclusão é melhor.

Aqui, a fotografia em preto e branco combina com as cenas majoritariamente noturnas, e com o clima de guerra, pesado como o da Segunda Guerra Mundial, ainda que não exista uma guerra formal. Agnieszka Holland não é sutil nas suas imagens simbólicas. Assim, a crítica à União Europeia por permitir situações como a do filme está escancarada no plano com a família de refugiados sentada na calçada. Desolado porque alguns de seus membros já pereceram na jornada, o grupo se posta à frente do símbolo da União Europeia estampado no muro.

Da mesma forma, as imagens emblemáticas surgem com a chama que reacende a crença na humanidade, na parte final. Adolescentes, refugiados negros a salvo e os filhos brancos dos seus hóspedes, cantam uma canção popular entre eles, revelando uma união informal mais forte do que a assinada entre os países. Mais bela, embora também simplista, é a cena com aquele jovem soldado da fronteira que se despe de seu uniforme, já consciente de que luta pelo lado errado.

Por fim, talvez para não ter problemas em seu país, Agnieszka Holland especifica o problema como sendo somente na guarda da fronteira entre a Bielorrússia e a Polônia. Para isso, mostra a fronteira aberta para os refugiados ucranianos. Um anexo dispensável, mas que não estraga o filme.

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Ficha técnica:

Zona de Exclusão | Zielona granica | 2023 | 147 min | Alemanha, Bélgica, EUA, França, Polônia, República Checa, Turquia | Direção: Agnieszka Holland | Roteiro: Agnieszka Holland, Maciej Pisuk, Gabriela Lazarkiewicz | Elenco: Jalal Altawil, Maja Ostaszewska, Behi Djanati Atai, Tomasz Wlosok, Al Rashi Mohamad, Dalia Naous, Monika Frajczyk, Jasmina Polak, Michal Zielinski.

Distribuição: A2 Filmes.

Assista ao trailer aqui.

Onde assistir:
Dois ativistas ajudam um refugiado na Polônia.
Cena do filme "Zona de Exclusão"
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