Após estrear na direção de longa com o sucesso Zumbilândia (Zombieland, 2009), Ruben Fleischer realizou essa bomba, 30 Minutos ou Menos (30 Minutes of Less). Repetir a escalação do ator Jesse Eisenberg como protagonista não foi suficiente para nos levar novamente para aquele divertido passeio numa montanha-russa repleta de ação e comédia. Essa mistura de gêneros está presente, mas os personagens não encantam, pelo contrário, geram antipatia no público. Além disso, Fleischer abdica aqui do estilo moderno que construiu com o emprego de recursos gráficos na tela e câmera solta.
Na primeira parte de 30 Minutos ou Menos, conhecemos os quatro protagonistas, todos adultos imaturos e, sem meias palavras, verdadeiros babacas. Dwayne (Danny McBride) é um inútil que vive às custas do pai, que ficou milionário depois de ganhar na loteria. Cansado de ouvir sermões, Dwayne resolve, junto com seu amigo Travis (Nick Swardson), contratar um assassino de aluguel para acabar com o pai. Mas, para conseguir o dinheiro para esse contrato, obriga um entregador de pizza, Nick (Jesse Eisenberg), a roubar um banco. Para essa empreitada, Nick pede ajuda ao amigo nerd Chet (Aziz Ansari). Esses dois também são perdedores que vivem brigando entre si como adolescentes.
Personagens incoerentes
Diante desse cenário, fica complicado engolir a segunda parte do filme. Dwayne e Travis continuam dois vagabundos, mas conseguem construir uma bomba, usar armas e lança-chamas e, com isso, se tornam realmente perigosos. Nem com muita boa vontade conseguimos aceitar que esses incompetentes sejam tão habilidosos, muito menos que Nick e Chet enfrentem esses bandidos e ainda o matador de aluguel. Poderia ser aceitável se o filme buscasse o tom de A Pantera Cor-de-Rosa (The Pink Panther, 1963), de Blake Edwards, ou Um Assaltante Bem Trapalhão (Take the Money and Run, 1969), de Woody Allen. Nesses dois exemplos, os protagonistas conseguem realizar suas proezas embora sejam desastrados, com o importante detalhe de nunca mudarem suas essências. Ou seja, eles eram inofensivos. Mas Dwayne, Travis, Nick e Chat provocam perigos reais.
Em outras palavras, Ruben Fleischer atravessa a linha que separa a fantasia do real. Não se trata mais de lutar contra zumbis, mas de pessoas do mal que são, de fato, perigosas. Por isso, fazem falta aqui os exagerados efeitos gráficos, as mirabolantes movimentações de câmera, que levavam a mise-en-scène para o universo do absurdo, do irreal, que nos permitiam rir de cabeças explodindo e sangue jorrando em Zumbilândia.
O diretor aprendeu a lição. Seu filme seguinte, o policial de época Caça aos Gangsteres (Gangster Squad, 2013), se manteve dentro da seriedade. Em seguida, Fleischer voltou a flertar com o terror em Venom (2018), sem cair na comédia, que ele pôde revisitar em Zumbilândia: Atire Duas Vezes (Zombieland: Double Tap, 2019). Mas Fleischer derrapou novamente na aventura baseada em game Uncharted (2022), uma frustrada tentativa de reviver os filmes de Indiana Jones.
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Ficha técnica:
30 Minutos ou Menos | 30 Minutes or Less | 2011 | 83 min | EUA | Direção: Ruben Fleischer | Roteiro: Michael Diliberti | Elenco: Jesse Eisenberg, Danny McBride, Nick Swardson, Aziz Ansari, Dilshad Vadsaria, Michael Peña, Bianca Kajlich, Fred Ward.