O documentário Além de Hollywood: O Melhor do Cinema Australiano resgata a importância dos filmes de exploitation realizados na Austrália durante os anos 1970 e 1980. Um dos principais entrevistados é Quentin Tarantino, aqui na sua posição de cinéfilo e estudioso dessas produções. Além dele, outros artistas dos EUA prestam seus depoimentos, como nomes famosos que foram importados para participar nesses longas. Por exemplo, Jamie Lee Curtis, Stacy Keach e Dennis Hopper.
Na sua primeira parte, o documentário revela nomes que lançaram o gênero. A princípio, como aconteceu também no cinema americano e brasileiro, o foco era a exploração do sexo, da nudez, junto com a comédia grotesca. É uma oportunidade para conhecermos cineastas e atores que não ganharam exposição internacional, como Graeme Blundell e Bruce Spence.
Em seguida, o filme mostra a onda da produção ultra-violenta, os “splatters”, como a obra do diretor Terry Bourke, de Brothers (1982). Ganha destaque o longa Patrick (1978), de Richard Franklin. Além do debate sobre o uso da violência para atrair público, o documentário discute as filmagens, um processo não tão bem controlado que vitimou alguns técnicos.
Mas, no geral, o viés predominante é o da exaltação dessas produções australianas. Muitos filmes ganharam reconhecimento com o tempo e lançaram a carreira de diretores como George Miller, de Mad Max (1979), e Russel Mulcahy, de Razorback (1984). Aliás, os cineastas James Wan e Leigh Whannel admitem que a ideia da automutilação com a serra veio do primeiro Mad Max.
Enfim, vale a pena conhecer essa indústria que partiu da exploração comercial, mas que produziu filmes memoráveis. Posteriormente, o diretor Mark Hartley O Ataque das Mulheres Assassinas (Machete Maidens Unleashed!, 2010), sobre o cinema filipino, e Electric Boogaloo: The Wild, Untold Story of Cannon Films (2014), a respeito desse estúdio americano.
