Amor Bandido (Love Hurts) é mais um caso de um dublê profissional que se torna diretor de cinema. Jonathan Eusebio segue a trajetória de outros colegas do ramo, sendo o mais notório Chad Stahelski, da franquia John Wick.
Isso explica o fato de Amor Bandido ter tantas cenas de ação, de lutas corporais a tiros de armas de fogo. Os combates, de fato, exibem uma coreografia impecável, destacando esse lado menos conhecido de Ke Huy Quan (o menino de Indiana Jones e o Templo da Perdição [1984] e Os Goonies [1985] que voltou triunfalmente em Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo [2022]). Porém, a dose de cenas de ação extrapola e deixa a narrativa em segundo plano.
E a trama não é grande coisa. No passado, Marvin Gable (Ke Huy Quan) era o matador profissional usado pelo seu irmão Knuckles (Daniel Wu), um chefão do crime. Marvin recebeu a ordem para matar Rose (Ariana DeBose em interpretação sensual), que traiu Knuckles e levou o dinheiro que roubou junto com Renny (Cam Gigandet). Porém, Marvin se apaixonou por Rose e apenas fingiu eliminá-la.
Agora, no presente, Marvin vive honestamente como um corretor de imóveis. Até que, no Dia dos Namorados, Rose reaparece e vira sua rotina tranquila do avesso. Os assassinos de Renny e de Knuckles o confrontam para encontrarem Rose e o dinheiro roubado.
A direção de Jonathan Eusebio
A primeira sequência de Amor Bandido parece até uma brincadeira com o uso exagerado de planos curtos em cenas de ação. Aqui, o emprego desse recurso soa propositalmente banalizado, resultando num ritmo frenético para mostrar Marvin fazendo cookies em sua cozinha. Como essa prática se contrapõe à filmagem de cenas exaustivamente ensaiadas e executadas por dublês, faz sentido que o diretor Jonathan Eusebio utilize esses planos curtos como crítica e valorização dos dublês.
Nesta sua estreia na direção, Jonathan Eusebio também enfatiza fortemente os efeitos especiais. Pelo menos, fica essa impressão pela alta dose de violência gráfica no filme, com direito a membros decepados e até a visão através do buraco de bala que atravessa um cérebro (talvez uma homenagem a Rápida e Mortal [1995], de Sam Raimi). A mistura de humor maluco e ácido com violência extrema lembra os primeiros filmes dos irmãos Coen, semelhança que fica ainda mais forte com a presença de personagens caricatos, mas perigosos.
O que soa inusitado, por ser incomum, é que personagens inocentes acabam envolvidos nessa violência toda. Não se trata de personagens secundários, mas de pequenas participações, como o casal de clientes de Marvin que chegam no local e na hora erradas.
Amor Bandido resulta no filme de estreia esperado para um dublê com alguma experiência como diretor de segunda unidade em filmes importantes. Ou seja, aquém da surpreendente estreia de Chad Stahelski.
___________________________________________
Ficha técnica:
Amor Bandido | Love Hurts | 2025 | 83 min. | EUA, Japão | Direção: Jonathan Eusebio | Roteiro: Matthew Murray, Josh Stoddard, Luke Passmore | Elenco: Ke Huy Quan, Ariana DeBose, Daniel Wu, Sean Astin, Mustafa Shakir, Lio Tipton, Rhys Darby, Marshawn Lynch, André Eriksen.
Distribuição: Universal Pictures.