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As Duas Inglesas e o Amor (filme)
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As Duas Inglesas e o Amor

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

“As Duas Inglesas e o Amor” adapta o livro de Henri-Pierre Roché, o mesmo autor de “Jules e Jim – Uma Mulher Para Dois” (Jules et Jim, 1962). Dois filmes do gênero que seu diretor, François Truffaut, se tornou especialista, o romance trágico. Aliás, onde podem ser classificados outros títulos seus como “Um Só Pecado” (La Peau Doce, 1964) e “A História de Adèle H.” (L’Histoire d’Adèle H., 1975).

Nessa estória, ambientada no início do século XX, o jovem Claude (Jean-Pierre Léaud) conhece e se torna amigo de Ann Brown (Kika Markham), uma inglesa em Paris. E ele a convida a passar uns dias em sua casa na Inglaterra. Lá, ele conhece Muriel (Stacey Tendeter), a irmã mais nova de Ann, por quem se apaixona. Muriel, porém é frágil e puritana, e Claude precisa partir. Então, os dois se prometem trocar correspondências e se casar após um ano. Porém, o jovem prefere aproveitar a sua juventude com outras mulheres, e conta a Muriel que não a ama. Por isso, Muriel entra em desespero e fica doente. A sua recuperação depende de se afastar completamente de Claude. O reencontro só se daria anos depois, após Ann e Claude se relacionarem durante um tempo.

Truffaut na direção

Truffaut trabalha seu amplo conhecimento cinematográfico, amadurecido durante seu ofício de crítico na revista Cahiers du Cinéma. Assim, ele suspende a aparição de Muriel quando Claude chega à casa dos Browns. Ela só surge nas telas no segundo jantar da família, e ainda com uma venda nos olhos, devido aos problemas que tem na vista. Dessa forma, o diretor procura compartilhar a curiosidade de Claude com o público e a sua admiração pela beleza dela quando a conhece definitivamente. Nessa e em várias outras cenas, a voz de Truffaut como narrador resolve o formato de transpor para a tela os pensamentos dos personagens tal como foram escritos no livro.

Além disso, há um belíssimo travelling obtido com a câmera dentro de um barco. Ela acompanha o caminhar de Ann na casa na Suíça onde ela passa uma semana com Claude para testarem a química entre os dois. Eles se aproximam progressivamente a cada dia, até fazerem amor. Mas, resolvem partir separados. Cada um vai embora em um bote, e essa cena é filmada em posição reversa do início da semana. Agora, a câmera está fixa na terra, enquadrando os dois personagens que partem, uma metáfora da razão que agora domina a decisão dos jovens.

Truffaut repete nesse filme alguns truques comuns em sua cinematografia. O resgate do uso da íris para abrir ou fechar uma cena, ou para enfatizar algum detalhe, é um deles. Os jump cuts tão caros ao início da nouvelle vague também, para enfatizar cenas dramáticas, inclusive para chegar a close ups extremos. O diretor não permite que o espectador fique distante dos personagens, e consegue isso principalmente quando os coloca falando diretamente para a câmera em momentos de alta intensidade.

Sensualidade

“As Duas Inglesas e o Amor” se destaca também pela sua sensualidade. Ela desponta não só da nudez das duas belas protagonistas, mas principalmente nos momentos em que a atriz Stacey Tendeter, que interpreta Muriel, solta seus gemidos de prazer, ao finalmente conhecer o sexo com um homem depois de anos de vida puritana. Afinal, como em “Clamor do Sexo” (Splendor In The Grass, 1961), a noção de pecado imposto pela religião afeta o equilíbrio emocional das duas jovens desses dois filmes.

Obs: Em alguns lugares, esse filme aparece com o nome “As Duas Inglesas e o Continente”, título do lançamento em Portugal.

 

As Duas Inglesas e o Amor (filme)
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