O material de divulgação da Netflix sobre Carter exalta que é um “filme de ação em plano sequência”. Mas, não esperem um exercício de estilo cinematográfico como Festim Diabólico (Rope, 1948), Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) {Birdman or (The Unexpected Virtue of Ignorance), 2014} e 1917 (2019). Acima de tudo, o diretor Byung-gil Jung, de A Vilã (Aknyeo, 2017), pretende reproduzir a tela de um game de ação, daí a continuidade do plano é uma consequência natural desse objetivo. E, por isso, a câmera no filme parece perder o controle de seu movimento, o que acontece quando você está jogando, seja com o mouse ou com um controle remoto.
Tecnicamente, Carter impressiona, pois seus criadores precisaram pensar na história toda, cena a cena, pensando em cada detalhe. Mas, grande parte é simulada em computação gráfica, e isso, na verdade, faz parte da rotina diária dos desenvolvedores de games. Para o espectador acostumado a cinema, os efeitos parecem artificiais demais, aproximando-se de uma animação. Por outro lado, aquele familiarizado com o ambiente gamer poderá se cansar da falação que tenta dar sentido à história. Mas, essa, de qualquer forma, é o que importa menos, e a narrativa fica confusa. Aliás, a autoimposição de realizar tudo em plano sequência resulta num flashback que se inicia indistintamente, e só após um tempo o espectador descobre que se trata da lembrança do protagonista.
Enfim, é uma experiência diferente, que dividirá opiniões. Numa aposta simples, pode-se dizer que os gamers adorarão o filme e os fãs de cinema detestarão. Mas depende mesmo do gosto de cada um. Você gosta de assistir alguém jogando? Bom, os canais de youtubers ganham milhões de visualizações oferecendo esse tipo de conteúdo. Para esse público, Carter deve agradar em cheio.
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Sinopse oficial:
Uma pandemia originada na Zona Desmilitarizada da Coreia assola os Estados Unidos e a Coreia do Norte. Dois meses depois, Carter acorda sem memória, com um dispositivo misterioso na cabeça, uma bomba letal dentro da boca e recebendo ordens de uma voz estranha. A bomba pode detonar a qualquer momento, a menos que ele resgate a garota que é o único antídoto para o vírus. Mas, para isso, ele vai ter que encarar a CIA e um golpe na Coreia do Norte.
Ficha técnica:
Carter | Carter | 2022 | 2h12 | Coreia do Sul | Direção: Byung-gil Jung | Roteiro: Byeong-sik Jung, Byung-gil Jung | Elenco: Joo Won, Kim Bo-Min, Sung-Jae Lee, Camilla Belle.
Distribuição: Netflix.