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Poster de "Conduzindo Madeleine"
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Conduzindo Madeleine

Avaliação:
6/10

6/10

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Crítica | Ficha técnica

O diretor francês Christian Carion costuma emplacar sucessos de bilheteria. Entre eles, Feliz Natal (Joyeux Noël,2005), O Caso Farewell (L’affaire Farewell, 2009) e Viva a França! (En mai, fais ce qu’il te plaît, 2015). Seu último filme, Meu Filho (My Son, 2021) é uma versão britânica do seu próprio longa de 2017. Mas talvez essa habilidade seja o fator que enfraquece Conduzindo Madeleine (Une belle course), cuja força melodramática se dilui em concessões comerciais.

A trama do filme possui delimitações que fazem convergir o seu potencial dramatúrgico. São, basicamente, apenas dois personagens dentro de um táxi durante um dia. Um deles é o motorista do táxi, Charles (Dany Boon), que está desiludido com a profissão que o afasta de sua família e que rende dinheiro insuficiente para pagar as suas dívidas.  O outro personagem, Madeleine Keller (Line Renaud), quer estender o mais que pode essa viagem de táxi pelas ruas de Paris, pois o destino é a casa de repouso onde terá que morar pelo restante de sua vida. Aos 92 anos, ela tem muita história para contar, e escolhe Charles como seu relutante ouvinte.

O melodrama entra no filme através do flashback que retrata a juventude de Madeleine. Christian Carion opta por filmar esses trechos com um enquadramento estranho, que corta as cabeças das pessoas em cena. Faz sentido essa escolha, pois a lembrança invoca um período muito doído para Madeleine. Sujeita a agressões e estupros do companheiro, a jovem sofre muito. O tema continua em alta ainda hoje, mas a solução que ela toma, nos anos 1950, de revidar e não aceitar essa situação, a condena à prisão. Esse injusto martírio a transformará em uma líder na defesa das mulheres vítimas, o que acrescenta ainda mais pontos positivos para esse roteiro.

Concessões

O filme não é tão sombrio quanto o enredo possa indicar que seja. A protagonista não é depressiva ou pessimista, ela superou o sofrimento que viveu, até por assumir a luta no combate a injustiças similares. Assim, durante o trajeto propositalmente alongado, Madeleine experimenta as últimas alegrias de sua vida, já prevendo que os dias na casa de repouso serão vazios. Essa linha narrativa não prejudica a história, mas alguns detalhes sim. Principalmente, aqueles que mostram certo desrespeito em relação às demais pessoas. Por exemplo, quando Charles bloqueia a passagem de carros em uma rua estreita enquanto Madeleine vai ao banheiro. Ou quando ela mente aos policiais para evitar que Charles tome uma multa e perca sua habilitação. São atitudes que não combinam com uma personagem que assumiu uma luta pela justiça.

Fica a impressão de que essas cenas estão no enredo como concessões para que o filme não assuma um tom sério demais e para que atraia mais público. Não eram necessárias, já que a protagonista possui uma atitude positiva em relação à vida, apesar de tudo que passou. E acabam arranhando a índole moral da personagem. Mas o mais grave é a conclusão no estilo Frank Capra, com uma surpresa um bocado previsível, e a mensagem de fazer o bem sem ver a quem. Um desperdício de um melodrama com grande potencial e com tema muito atual.

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Ficha técnica:

Conduzindo Madeleine | Une belle course | 2022 | 91 min | França, Bélgica | Direção: Christian Carion | Roteiro: Cyril Gely | Elenco: Line Renaud, Dany Boon, Alice Isaaz, Jérémie Laheurte, Gwendoline Hamon, Julie Delarme.

Distribuição: Califórnia Filmes.

Onde assistir:
Conduzindo Madeleine (filme)
Conduzindo Madeleine (filme)
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