Dual (filme)
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Dual

Avaliação:
6.5/10

6.5/10

Crítica | Ficha técnica

O cineasta grego Yorgos Lanthimos está fazendo escola. Pelo menos, é o que indica esse Dual, terceiro longa do diretor texano Riley Stearns. Afinal, o filme lida com frieza e cinismo, e um humor ácido, uma situação absurda que pode acontecer no futuro ou numa realidade alternativa.

No prólogo enigmático, pensamos que assistiremos a uma variação de Jogos Vorazes (The Hunger Games, 2012) ou de A Caçada (The Hunt, 2020). Um homem está em um campo de futebol amador duelando com um outro à distância, com várias armas à disposição, sob os olhares de uma plateia. Mas, no final, descobrimos que o adversário é um sósia desse homem, o que nos faz pensar no gênero ficção-científica, pois o evento se passa num futuro no qual a clonagem de humanos existe. Em seguida, a história de fato se inicia com uma astuta conexão com essa introdução, pois conhecemos a protagonista Sarah (Karen Gillan) numa chamada em vídeo com o namorado. Ela está assistindo a um vídeo pornô, mas mente para o parceiro, ou seja, invocando o seu duplo.

O tema de Dual será justamente esse: o duplo. Quando Sarah recebe a notícia que está com uma doença terminal, ela contrata a produção de uma substituta, uma sósia sua que tomará seu lugar para que as pessoas próximas não sintam sua falta. Dez meses depois, quando o duplo já está se habituando ao meio em que vive Sarah, esta se recupera de sua doença. Como duas Sarahs não podem coexistir, então, elas devem duelar até a morte.

Discípulo de Lanthimos?

Até esse ponto, a trama é envolvente, pois traz um cenário bizarro, uma possibilidade nefasta de evolução da ciência. E o diretor Riley Stearns descortina essa conjuntura pouco a pouco, instigando a curiosidade. Além disso, usa de uma mise-en-scène que remete ao cinema de Yorgos Lanthimos. Ou seja, um ambiente frio onde personagens desagradáveis protagonizam situações absurdas como se fossem rotineiras. Por exemplo, a médica totalmente insensível que comunica Sarah que ela só tem pouco tempo de vida. É uma característica do diretor grego que expõe o pior lado das pessoas e que desagrada a muitos. Riley Stearns não é tão extremo, e evita a gratuidade de mostrar uma autópsia ou o sacrifício de um cachorro.

Mas, a partir de determinado ponto, o filme começa a claudicar. O duelo é marcado para dali a um ano, e durante esse período acompanhamos Sarah em treinamento com o instrutor Trent (Aaron Paul). O humor ácido se torna mais frequente, mas menos impactante. E, por fim, o desfecho acaba se desviando do duelo, uma frustração geral.

Ainda assim, o tema inspira reflexões. Nos leva a pensar se hoje nós somos nossa melhor versão de nós mesmos, se alguém pode nos substituir, se podemos nos sabotar ou mesmo matar quem somos. Por isso, vale uma conferida.

Enfim, falta ainda conferir Faults (2014) e A Arte da Autodefesa (The Art of Self-Defense, 2019) para validarmos se Stearns é um aluno de Lanthimos ou se só recorreu à sua influência para este filme em si.

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Ficha técnica:

Dual | 2022 | 94 min | EUA, Finlândia, Canadá, Reino Unido | Direção e roteiro: Riley Stearns | Elenco: Karen Gillan, Aaron Paul, Beulah Koale, Theo James, Maija Paunio, Kristofer Gummerus, Elsa Saisio.

Onde assistir:
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