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Poster do filme "Garotas em Fuga"
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Garotas em Fuga

Avaliação:
5,5/10

5,5/10

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Crítica | Ficha técnica

Garotas em Fuga (Drive-Away Dolls) criou a expectativa de que poderia reviver o ritmo alucinado de Arizona Nunca Mais (Raising Arizona, 1987), o segundo longa dos Irmãos Coen. No início, até confirma essa impressão, principalmente na cena do assassinato de Pedro Pascal. O visual rebuscado, os enquadramentos inesperados, os personagens grosseiros e barulhentos, a violência estilizada, enfim, são muitos os elementos que remetem àquela obra que chamava a atenção para esses dois novos cineastas.

Em Garotas em Fuga, Ethan inclui aos elementos que marcaram sua carreira (e do irmão) uma ousadia sexual até então inexistente em seus filmes. Arruma como parceira nessa empreitada a atriz Margaret Qualley, que deliberadamente resolveu assumir papeis de alto teor sexual, vide Stars at Noon (2022) e Santuário (Sanctuary, 2022). Assim, ela vive aqui Jamie, uma jovem lésbica despudorada. “Se pensar muito, você não faz sexo”, é o seu lema. E, assim, transa com todas, e até uma ou várias ao mesmo tempo.

A personagem sugere um filme erotizado, mas Ethan Coen não o molda dessa forma. Por não ter a habilidade e a experiência para isso, ou por simplesmente evitar essa ousadia, Ethan foge da nudez e do clima sensual. Sim, há nudez e várias cenas de sexo, mas tudo soa acanhado. Jamie geme de prazer, mas sempre deixando uma máscara de farsa. A intenção, no fundo, é a comédia. Daí, também, vem o sotaque texano forçado da sua personagem, aquém dos seus melhores trabalhos.

O carro errado

Na trama, Jamie mora com uma amiga, Marian (Geraldine Viswanathan), que também é lésbica, mas muito recatada. As duas resolvem viajar para Tallahassee, Flórida. Mas, alugam por engano um carro que estava separado para um bando perigoso, que agora persegue as duas para recuperar o que estava dentro do veículo. No caminho, Jamie ensina Marian a ter uma vida sexual mais ativa. O desfecho reunirá essas intenções, e explicará o que são as recorrentes intervenções psicodélicas ao longo do filme.

Mas, Garotas em Fuga não cumpre suas expectativas. Ethan Coen não repete o estilismo exacerbado dos primeiros filmes que assinou com o irmão. Aqui e ali encontramos indícios desse seu talento, mas a proposta pedia um maneirismo mais acentuado. O sexo, então, só choca o público estadunidense, a maioria muito conservadora no assunto, tanto que lá recebeu certificação “R” (Restrito: menores de 17 só podem ver acompanhados de responsável adulto). As referências sexuais, na verdade, ficam mais nas falas e nas exposições não-explícitas.

Joel Coen realizou, sem o irmão, um filme shakespeareano em preto e branco, A Tragédia de Macbeth (The Tragedy of Macbeth, 2021). Enquanto isso, Ethan Coen lançou o documentário Jerry Lee Lewis: Trouble in Mind (2022), e, agora, esta comédia frenética. Pelo jeito, decidiram seguir rumos diferentes: Joel mirando para o futuro, para novos desafios; e Ethan para o passado, para repetir o que já fez.

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Ficha técnica:

Garotas em Fuga | Drive-Away Dolls | 2024 | 84 min | EUA, Reino Unido | Direção: Ethan Coen | Roteiro: Ethan Coen, Tricia Cooke | Elenco: Margaret Qualley, Geraldine Viswanathan, Beanie Feldstein, Joey Slotnick, C.J. Wilson, Colman Domingo, Pedro Pascal, Bill Camp, Miley Cyrus, Matt Damon.

Onde assistir:
Mulher de vermelho fala ao telefone.
Cena do filme "Garotas em Fuga"
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