Jean-Luc Godard morreu por suicídio assistido, na Suíça, hoje, 13 de setembro de 2022, aos 91 anos. De fato, o cineasta francês não se curvava a nada e a ninguém. Até mesmo morrer foi uma decisão sua, e não um fato do destino.
Sua esposa Anne-Marie Miéville afirmou que Godard morreu pacificamente, cercado por entes queridos, na sua casa em Rolle, às margens do Lago de Genebra. Ele não estava doente, mas estava cansado, por isso decidiu por essa prática que é legalizada na Suíça.
Nascido em 3 de dezembro de 1930, Godard se tornou crítico de cinema para a revista Cahiers du Cinéma. No final dos anos 1950, fundou com seus colegas a Nouvelle Vague, movimento que revolucionou o cinema mundial, quebrando paradigmas de como fazer o cinema, e chacoalhou o que os cineastas franceses faziam na época.
Seu longa de estreia, Acossado (À bout de souffle, 1960), levanta as bandeiras da Nouvelle Vague, com o uso de jump cuts, câmera na mão e filmagens nas ruas. Continuou a realizar muitos filmes nos anos 1960, integrando-se aos tempos de contestação da década. Fez obras-primas como O Desprezo (Le mépris, 1963), Bando à Parte (Bande à part, 1964) e O Demônio das Onze Horas (Pierrot le fou, 1965, foto/divulgação), e ainda arriscou o filme de gênero – a ficção científica Alphaville (1965).
Nas décadas seguintes, sua produção rareou e se tornou mais hermética. Apresentou obras de vanguarda, de difícil receptividade para o público médio. Mas, com isso, manteve-se sempre íntegro, algo que o distanciou de seu colega François Truffaut.
Enfim, seu legado é enorme, uma obra revolucionária para se ver e rever inúmeras vezes. Vários anos se passarão e continuaremos a descobrir seus filmes.
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