Poster de "Nosferatu" (2024)
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Nosferatu

Avaliação:
5,5/10

5,5/10

Crítica | Ficha técnica

Nosferatu (2024), de Robert Eggers, refilma a versão de 1922 de F.W. Murnau. O enredo, baseado na obra de Bram Stoker, é basicamente o mesmo, inclusive com o cuidado de evitar o nome Drácula – o que não seria necessário nessa nova produção. O que Eggers traz de diferente, além da óbvia modernização que serve de justificativa para toda refilmagem, é acentuar o terror. Para isso, torna mais explícita a violência gore, o que já era esperado, e inova ao transformar a história em um filme de possessão.

Essa aposta fica evidente desde a abertura, que revela Ellen (Lily-Rose Depp) sendo possuída. Mais adiante no filme, os episódios de transe se tornam mais constantes depois que seu marido Thomas (Nicholas Hoult) encontra o Conde Orlok (Bill Skarsgård) no seu castelo na Transilvânia (o local aparece no mapa em cena, não nos diálogos). Quando o conde desembarca na cidade de Thomas, trazendo com ele a peste, Ellen fica num estado de possessão típico dos filmes desse subgênero, ou seja, com os olhos virados, voz transformada, e até levitando. Essa escolha até que funciona bem para fortalecer o terror.

O gore

As imagens de horror gore aparecem em vários trechos. Na viagem de Thomas, ao parar na estalagem, ele acorda no meio da noite e presencia um ritual, e lá abre um caixão e ataca o cadáver (ou a criatura) ali dentro com um machado. Na cidade, o agente imobiliário que contrata Thomas fica louco e come a cabeça de um pombo, num close para impressionar o espectador. Pelo menos, Robert Eggers, não é mal intencionado – quando o vampiro mata duas crianças, faz isso sem detalhes grotescos.

Mas, algum mau gosto sobrou no filme. Entre eles, quando o Conde Orlok enfia os seus dentes no coração de Thomas, movimentando seu quadril como se fosse um ato sexual. Outro momento de mau gosto não aparece na tela, mas a mera indicação de que o amigo de Thomas faz sexo com sua esposa morta já é vulgar o suficiente.

O vampiro

Mas a ênfase na possessão não é o que mais impacta no Nosferatu de Robert Eggers. O maior problema do filme está na elaboração do personagem-título. Esteta como sempre, Eggers se recusou a seguir o horripilante modelo construído por Murnau, como fez, aliás, Werner Herzog em sua versão, Nosferatu: O Vampiro da Noite (1979). Herzog, por essa e outras escolhas, se saiu muito melhor do que Eggers.

O vampiro do cineasta estadunidense é um negócio temeroso – não porque é assustador, mas por ser ridículo. Interpretado por Bill Skarsgård, sempre requisitado para interpretar monstros depois de It: A Coisa (2017), a sua voz, sintetizada, copia o que geralmente se usa para demônios, o que faz sentido por conta da possessão, mas não combina com um vampiro. Além disso, o Conde Orlok já surge como a criatura das trevas, mas a câmera quase não mostra nada. Estático como um robô (e não com aquele andar elaborado de Max Schreck no filme de 1922), seu rosto permanece na penumbra a maior parte do tempo. Era melhor não mostrar nada mesmo, pois o que mostra é suficiente para estragar o personagem por causa de um bigodão esdrúxulo. E, fazem falta os tradicionais caninos famintos por sangue.

O filme também se prejudica pela inclusão de trechos arrastados, que não estavam no original. Entre os tempos perdidos, estão as sequências que focam na família dos amigos de Thomas. Sem contar que Orlok demora para procurar Ellen depois que chega à sua cidade. E, quando a encontra, ainda dá um prazo de três dias para ela se entregar a ele. Além disso, há um excesso de falas, principalmente do personagem Von Franz (Willem Dafoe, que interpretou o ator Max Schrenk em A Sombra do Vampiro [2000]), cheio de discursos para explicar seu plano.

O cinema de Eggers

O que salva o filme é a direção de fotografia de Jarin Blaschke, o constante parceiro de Robert Eggers nessa função. Desta vez, com belas variações do preto e branco, que em muitas cenas derivam da dessaturação das cores. Dessa forma, obtém um p&b amarronzado, acinzentado, azulado etc. Os cenários, igualmente, são de primeira linha, de fato, atestando sua competência principal como desenhista de produção.

Robert Eggers comprova sua carreira irregular. Começando pelo belo A Bruxa (2015), pelo horrível O Farol (2019), pelo eletrizante O Homem do Norte (2022), e agora com um decepcionante Nosferatu (2024), sua filmografia tem alternado uma obra boa e uma ruim.

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Ficha técnica:

Nosferatu | 2024 | 132 min. | EUA, Reino Unido, Hungria | Direção: Robert Eggers | Roteiro: Robert Eggers | Elenco: Bill Skarsgård, Nicholas Hoult, Lily-Rose Depp, Aaron Taylor-Johnson, Emma Corrin, Ralph Ineson, Simon McBurney, Willem Dafoe.

Distribuição: Universal Pictures Brasil.

Trailer:

Onde assistir:
Cena de "Nosferatu" (2024)
Cena de "Nosferatu" (2024)
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