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O Artista do Desastre (filme)
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O Artista do Desastre

Avaliação:
9/10

9/10

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Crítica | Ficha técnica

O Artista do Desastre é uma engraçadíssima comédia que trabalha a metalinguagem no cinema. O foco é a produção de um filme independente, baseado numa situação real. O título do longa-metragem que resultou dessa aventura é The Room, lançado em 2003, que se transformou em cult por ser ruim demais.

A obra surgiu da vontade do nada talentoso Tommy Wiseau de entrar na indústria do cinema. Como ninguém o contratava, ele resolveu fazer seu próprio filme, assumindo os papéis de produtor, diretor, roteirista e ator principal, apesar de ser medíocre em todas essas funções. O único recurso que ele possuía era dinheiro.

Tommy Wiseau

Wiseau era uma figura. Esquisito, cara-de-pau, com um sotaque estrangeiro ininteligível que ele afirmava ser de New Orleans. Ele não revelava suas origens, sua idade, nem de onde vinha sua riqueza. Hoje, no site IMDb, consta que ele nasceu em 1955 na Polônia.

Suas peripécias no mundo do entretenimento começaram para valer depois que ele conheceu o jovem candidato a ator Greg Sestero. Este depois viria a coescrever o livro que deu origem a O Artista do Desastre. Logo, os dois resolvem se mudar de San Francisco para Los Angeles. Assim, Sestero engatilha, vagarosamente, sua carreira de ator, enquanto Wiseau acumula frustrações. Por isso, ele decide realizar seu próprio filme. Para isso, convida Sestero como ator coadjuvante e contrata o restante da equipe e do elenco. Porém, sua total incompetência leva a gastos desnecessários. Por exemplo, comprar todos os equipamentos de filmagem ao invés de alugá-los. Ou construir cenários que reproduziam exatamente locações à disposição no próprio quintal do estúdio.

Desastre

Para piorar, Wiseau não consegue nem decorar falas simplórias do roteiro que ele próprio escreveu. E isso o obriga a repetir as tomadas dezenas de vezes. Além disso, não se enxerga, e acredita que faz um bom trabalho. Extrapola, assim, todos os prazos e demora 18 meses para concluir o filme. Na estreia, para convidados, fica confirmado o desastre da produção. Apesar de ser um drama, o filme provoca gargalhadas.

Há um paralelo interessante dessa história do The Room com o próprio O Artista do Desastre. Afinal, James Franco dirige, estrela (como Tommy Wiseau) e ainda é um dos vários produtores do filme, além de escalar seu irmão Dave Franco no papel de Greg Sestero. A diferença, claro, é que James Franco convence como ator. Inclusive, já tem experiência como diretor, apesar de esse ser seu primeiro bom trabalho nessa função. Com isso, conseguiu realizar uma comédia engraçada e com características de filme independente.

Vários bons momentos cômicos

A presença do comediante Seth Rogen no elenco acrescenta humor ao filme. Aliás, provavelmente, ele deve ter dado algumas sugestões de piadas. De fato, são vários os momentos cômicos do filme que funcionam. Uma das mais divertidas é a cena da seleção do elenco e da equipe. Ela é realizada como uma montagem ágil de vários aspirantes a artista sem noção, o que deve ter realmente acontecido. O prólogo, com artistas famosos dando depoimento sobre um grande filme cult, representa uma piada que só se torna engraçada depois do final. Afinal, aí temos a certeza de que essas declarações eram brincadeiras cínicas.

O diretor James Franco acerta ao optar por um estilo de filmagem independente. Ou seja, com câmera na mão, trêmula, tendo Los Angeles ao fundo, com vários cortes abruptos. Dessa forma, o filme dialoga com a produção inserida na trama. Assim, proporciona aquele gostinho de behind the scenes que atrai quem se interessa pela realização cinematográfica. Lembra Vivendo no Abandono (1995), de Tom Dicillo, que apresentava um tom mais amargo do ambiente da indústria indie.

Créditos finais

Nos créditos finais, podemos comparar, lado a lado, cenas originais do The Room, com as respectivas refilmagens feitas para O Artista do Desastre. Dessa forma, confirmamos a semelhança entre os personagens e as pessoas reais. E isso deixa evidente a ótima atuação de James Franco, afastando uma possível acusação de over acting. Na verdade, o próprio Tommy Wiseau era totalmente over acting. Enfim, um artista tão medíocre que virou tema de uma comédia muito engraçada.

O Artista do Desastre concorre ao Oscar na categoria de melhor roteiro adaptado.


O Artista do Desastre (filme)
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