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Os 7 de Chicago (filme)
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Os 7 de Chicago

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

Através de uma estrutura narrativa genial, Os 7 de Chicago relata o tendencioso julgamento de sete réus acusados de conspiração pela manifestação que resultou num violento confronto com a polícia de Chicago em abril de 1968.

Alan Sorkin

Acima de tudo, essa estrutura narrativa vence o desafio de prender a atenção do espectador em um filme de tribunal que dura mais de duas horas. E o responsável por essa proeza, é Aaron Sorkin, autor do roteiro e também diretor do filme, função que assume pela segunda vez – a primeira foi em A Grande Jogada (2017).

Definitivamente, Os 7 de Chicago justifica o reconhecimento do talento de Sorkin como roteirista, confirmando o que ele já havia demonstrado ao escrever os filmes A Rede Social (2010) e Steve Jobs (2015), entre outros. Adicionalmente, ele também é o criador das séries West Wing, The Newsroom, e outras.

Ao invés de seguir o padrão de mostrar os fatos que levaram à condenação para depois se concentrar na audiência, Sorkin preferiu iniciar o filme com o julgamento e revelar os acontecimentos aos poucos. E essa opção foi essencial para desenvolver a mudança da percepção sobre o personagem interpretado por Eddie Redmayne, o líder estudantil Tom Hayden que prega o ativismo pacífico.

Por um lado, Os 7 de Chicago se beneficia da heterogeneidade do grupo de réus. Eles pertencem a grupos ativistas diferentes. Nesse contexto, mais radicais que Hayden, são os yippies Abbie Hoffman (Sacha Baron Cohen) e Jerry Rubin (Jeremy Strong). Enquanto isso, o ativista David Dellinger (John Carroll Lynch) é um inconformado cidadão de meia-idade, e não um jovem como os demais.

Política

O filme escancara a motivação política por trás da acusação aos réus. Afinal, os fatos aconteceram quando o presidente dos EUA era Lyndon B. Johnson, que decidira não iniciar essa ação, porque descobriu que a polícia é que iniciara o confronto. Porém, quando Richard Nixon o sucedeu em 1969, solicitou ao procurador geral que iniciasse a acusação. E isso porque Nixon era a favor da Guerra do Vietnã, principal motivo de protesto desses manifestantes.

E o roteiro revela essa trama de forma contundente, com a entrada do carismático ator Michael Keaton, no papel do procurador geral da época de Lyndon B. Johnson. Assim, a ideia de chamar esse funcionário do governo para depor é exaltada no filme como uma sacada genial do advogado de defesa William Kunstler (Mark Rylance). Dessa forma, o imbróglio político é eficientemente explicado ao espectador, mesmo aquele de outro país.

Paralelamente, os opositores também ganham um retrato instigante em Os 7 de Chicago. Nesse sentido, o procurador Richard Schultz, papel de Joseph Gordon-Levitt, não está convencido da culpa desses acusados, mas precisa cumprir seu papel. Enfim, essa dicotomia e a cena em que ele aparece passeando com as filhas no parque ilustram o homem por trás do profissional.

Sem caricaturas

Claramente, o juiz Julius Hoffman (Frank Langella) comete atos extremamente tendenciosos para que os jurados se convençam da culpa dos réus. Porém, ele não cai na caricatura de um ser do mal, e isso mantém o filme consistente. Eventualmente, ele perde o controle, como realmente aconteceu, ao ser confrontado por Bobby Seale (Yahya Abdul-Mateen II), líder do Panteras Negras. E sua reação violenta provoca sua primeira grande derrota. Como resultado, ao desagradar o procurador Schultz, ele acaba retirando Seale do processo. Na verdade, a inclusão do membro dos Panteras Negras era a maior prova da motivação política da acusação, pois ele nem estava presente nas manifestações.

Por fim, as interpretações dos grandes atores que compõem o elenco são de alto nível, e fazem jus ao brilhante roteiro e à direção tradicional e eficiente de Aaron Sorkin.


Os 7 de Chicago (filme)
Mark Rylance e Eddie Redmayne em Os 7 de Chicago (filme)
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