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Tempo de Matar (filme)
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Tempo de Matar

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

Tempo de Matar inspira advogados e reforça a luta contra o racismo.

O diretor Joel Schumacher, que veio a falecer em 2020, nem sempre acertava. Por exemplo, este Tempo de Matar foi realizado entre dois verdadeiros abacaxis, que são os filmes do Batman com Val Kilmer.

Um pouco antes, ele havia adaptado o livro “O Cliente”, de John Grisham, com bons resultados. Então, Schumacher repetiu a dose e adaptou outro livro do mesmo autor, chamado “Tempo de Matar”. E chamou novamente Akiva Goldsman, um dos roteiristas de O Cliente. Aliás, uma escolha sábia, pois Goldsman possui um talento especial em adaptações, tanto que viria a ganhar o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado por Uma Mente Brilhante (2001).

Advocacia e racismo

Desta vez, a estória criada por John Grisham envolve advocacia e racismo no sul dos EUA. Em Canton, Mississipi, dois jovens arruaceiros estupram e deixam gravemente ferida uma menina negra de dez anos. O seu pai, Carl Lee Hailey (Samuel L. Jackson), certo de que eles não serão punidos pela lei, mata os rapazes. E contrata o jovem advogado Jake Tyler Brigance (Matthew McConaughey) para defendê-lo.

Para ajudá-lo, Brigance conta com seu amigo Harry Rex (Oliver Platt), que é advogado civil especializado em divórcios. E, também, com a jovem advogada idealista Ellen Roark (Sandra Bullock). Aliás, Brigance precisa mesmo de apoio, pois ele enfrenta o experiente promotor de justiça Rufus Buckley, interpretado por Kevin Spacey – ator que facilmente consegue expor prepotência. Além disso, Brigance precisa convencer um júri popular exclusivamente composto por pessoas brancas.

Em paralelo, Tempo de Matar possui vários momentos de ação porque o irmão de uma das vítimas se junta à Ku Klux Klan. Logo, esse grupo racista começa a atacar Brigance e seus aliados, a fim de amedrontá-lo. No filme, o calor é intenso. Tanto no clima, já que os personagens estão sempre suando, como nos enfrentamentos entre negros e brancos nas ruas.

A integridade do protagonista

O protagonista vivido por Matthew McConaughey se mantém firme, mesmo diante das ameaças, que até colocam em risco seu feliz casamento. Aos poucos, ele descobre que a principal origem de sua resiliência vem da sua empatia por Carl Lee Hailey. Tal qual seu cliente, Brigance também possui uma filha pequena, e ele reconhece que agiria da mesma forma se ela sofresse similar ataque.

Em certo ponto do filme, temos a impressão de que Brigance quer usar o caso para subir na carreira, e até ganhar fama com a exposição na mídia. De fato, ele titubeia nesse sentido, o que até leva a uma discussão com sua esposa. Porém, ele encontra seu caminho da retidão e da vocação profissional através de seu mentor Lucien Wilbanks. Nesse papel, o ator Donald Sutherland aconselha o mentorado com um discurso que serve como inspiração para quem atua como advogado.

Essencialmente, Brigance é íntegro. Por isso, não se deixa levar pela tentação de ser infiel no casamento diante da insinuante personagem de Sandra Bullock. E, ainda, influencia o reverendo local a se afastar de interesseiros, e a lutar pela causa negra. Porém, ou, por isso, ele se sente solitário. Busca um parceiro em Carl Lee Hailey, Harry Rex, Ellen Roark e Lucien Wilbanks. Quando ele insinua uma parceria, sempre recebe uma resposta contrária a essa ideia. De fato, por mais que eles possam apoiá-lo, ele precisa enfrentar o caso sozinho.  

Clímax emocionante

Todo filme de tribunal cria a expectativa de um clímax nos argumentos finais dos advogados. Nesse sentido, Tempo de Matar não decepciona. A argumentação de Brigance, que busca convencer o júri através da emoção, aposta na humanização da menina que foi estuprada, deixando de lado a questão racial. Além do júri, essa exposição brilhantemente interpretada por Matthew McConaughey consegue também emocionar o espectador.

Tempo de Matar não aborda com superficialidade o preconceito contra negros, ainda muito forte no sul dos Estados Unidos. Pelo contrário, o filme mostra que uma eventual vitória de Carl Lee Hailey nos tribunais não pacifica essa questão. Por isso, o réu não cumprimenta o seu advogado após a decisão do júri. Na perspectiva de Carl, Brigance não está ao seu lado, ele faz parte do “outro” grupo. Por fim, a estória apresenta a presença do advogado branco e sua família no churrasco de Carl como a verdadeira solução para esse conflito.  


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