Levemente mais sombrio, Aquaman 2: O Reino Perdido (Aquaman and the Lost Kingdom) fica no mesmo nível de Aquaman (2018). James Wan está novamente na direção, o que renovava as esperanças de que, desta vez, o super-herói dos mares enfrentaria perigos mais sinistros. Faria jus à carreira do diretor, responsável por Jogos Mortais (Saw, 2004), Sobrenatural (Insidious, 2010), Invocação do Mal (The Conjuring, 2013), e outros bons filmes de terror. De fato, se levarmos em conta que na trama uma entidade do mal possui o Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen II) e este quer se vingar do Aquaman, até que tem uma pitada de horror nesta história. Mas o tom predominante é mesmo o da ação com grande dose de comédia.
Neste filme, Aquaman está casado com Mera (Amber Heard), e o casal tem um bebê, o Arthur Jr.. Aquaman é o rei de Atlantis, pois seu irmão Orm (Patrick Wilson) está preso. Porém, diante da ameaça que envolve as mudanças climáticas, Aquaman precisa pedir ajuda a Orm, e o liberta da prisão. Mas o possuído Arraia Negra está cada vez mais poderoso.
Quase uma animação para o público mais jovem
O visual, todo em computação gráfica, repete o erro do primeiro filme de deixar a impressão de que estamos assistindo a uma animação. Mal conseguimos distinguir os atores por baixo dos efeitos visuais. E não há muita originalidade na elaboração das criaturas e dos cenários. Lembra Star Wars, na cantina com seres de outro planeta e um mau caráter como Jabba The Hutt na cena na terra dos piratas. E Viagem ao Centro da Terra (Journey to the Center of the Earth, 1959) quando os heróis enfrentam gafanhotos e plantas carnívoras gigantes. Cabe ainda um Dr. Octopus por causa do equipamento da turma do Arraia Negra. Além disso, Avatar: O Caminho da Água (Avatar: The Way of Water, 2022), em vários trechos.
Quanto ao aspecto dramático, a força está no relacionamento entre Aquaman e Orm. Ora conflituosa, ora engraçada (a piada da barata é a melhor), caminha para uma esperada reconciliação, mas cheia de percalços no processo. O filme, por outro lado, repete a força da mulher, pois Mera por várias vezes salva seu marido nas lutas. E, por falar nos combates, James Wan comprova sua destreza no assunto. Habilidade, aliás, que ele exercitou em Velozes & Furiosos 7 (Fast & Furious 7, 2015). Desta vez, ao filmar o duelo principal como se fosse uma só tomada, evitando as críticas ao uso de múltiplos planos picotados de curtíssima duração, tão comum em filmes de super-heróis.
James Wan sabe dirigir um filme. Porém, não arriscou (ou não pode fazer isso) e cozinhou a mesma receita de sempre com os mesmos ingredientes. Poderia deixar mais sombrias as cenas com os seres monstruosos e aproximá-los das assombrações de seus filmes de terror. Mas isso afugentaria uma parcela dos espectadores mais jovens. Assim, Aquaman 2: O Reino Perdido consegue apenas o que o seu antecessor fez: ser divertido, mas fácil de esquecer. Que permaneça na mente, pelo menos, a mensagem ambientalista.
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Ficha técnica:
Aquaman 2: O Reino Perdido | Aquaman and the Lost Kingdom | 2023 | 124 min | EUA | Direção: James Wan | Roteiro: David Leslie Johnson-McGoldrick | Elenco: Jason Momoa, Yahya Abdul-Mateen II, Patrick Wilson, Nicole Kidman, Amber Heard, Randall Park, Temuera Morrison, Dolph Lundgren, Martin Short, Jani Zhao, Indya Moore.
Distribuição: Warner.
Assista ao trailer aqui.