Pesquisar
Close this search box.
Poster do filme "Coringa: Delírio a Dois"
[seo_header]
[seo_footer]

Coringa: Delírio a Dois

Avaliação:
8/10

8/10

Crítica | Ficha técnica

Coringa: Delírio a Dois existe porque Todd Phillips e Scott Silver tinham mais a revelar sobre esse tal de Arthur Fleck. Além disso, o diretor e o roteirista surpreendem na escolha do formato musical para um filme tão sombrio – seguindo os passos de New York, New York (1977), de Martin Scorsese, O Show Deve Continuar (All That Jazz, 1979), de Bob Fosse, Lili Marlene (1981), de Rainer Werner Fassbinder, entre outros. A própria co-estrela do filme de Phillips, Lady Gaga, despontou no cinema com um musical para lá de amargo: Nasce Uma Estrela (A Star Is Born, 2018). A origem da opção pelo musical possivelmente foi a dança na escadaria, o momento mais célebre do primeiro filme.

O pesadelo de Arkham

A sequência de Coringa (2019) começa com Arthur Fleck (Joaquin Phoenix, justificadamente mais magro ainda) preso no instituto psiquiátrico Arkham, aguardando o julgamento por seus crimes. Fora dali, o Coringa se tornou uma figura ainda mais conhecida, idolatrada até, depois da publicação de um livro sobre a sua história, entre outras explorações por parte da mídia. O filme mostra a dureza da vida atrás das grades, mas sem maiores novidades, caindo perigosamente no marasmo. Trancafiado, o psicopata não pode cometer nenhum ato violento. Então, o longa se concentra em enfatizar a sua loucura, que só aumentou, embora sua advogada, vivida por Catherine Keener, tente moldá-lo para o tribunal.

Depois que Fleck conhece a interna Lee Quinzel (Gaga), surgem alguns trechos musicais que recuperam o interesse que o espectador pode já ter perdido. Os dois logo se identificam, se apaixonam e criam altas expectativas mútuas de um amor eterno. E, como costuma acontecer no gênero musical, os números cantados e dançados servem para ilustrar o que os personagens sentem. Aqui, essa função se repete de forma exagerada – até porque as músicas não empolga, nem a forma como foram filmadas. A maior parte traduz os lamentos de Fleck e Lee. Assim, servem como alternativa para substituir as explosões de violência do primeiro filme, agora sufocadas pelo ambiente carcerário.

O tribunal

Coringa: Delírio a Dois sobe de patamar quando se torna um filme de tribunal. Não por conta de trocas de argumentos poderosos, porque é impossível absorver Fleck; a defesa pode, no máximo, mantê-lo preso ao invés de condenado à cadeira elétrica. Mas, pelos picos de entusiasmo e decepção que agravam ainda mais a condição mental do réu. Imaginados por Fleck, dois números, embora longos demais, transmitem poderosamente essas emoções opostas que ele sente. Um ilustrando seu deslumbramento com o amor por Lee, o outro com a raiva que surge da desilusão – o momento mais violento do filme.

A conclusão traz uma surpresa atordoante que eleva Coringa: Delírio a Dois a um nível mais acima daquele já alcançado quando se tornou filme de tribunal. Novamente, como no longa anterior, Phillips e Silver criam relações fiéis ao material original das HQs. Introduz a vilã Arlequina, provável futuro de Lee Quinzel, e o promotor Harvey Dent (antes de se tornar o Duas-Caras). Além disso, o desfecho derruba tudo o que o espectador conjecturou após o primeiro Coringa.

Como musical, o filme de Todd Phillips naufraga. As canções, as interpretações, as danças, são chatas e não há muita química entre Phoenix e Gaga. Mas como delírios, pegando carona no título, essas cenas funcionam. E ajudam a contar essa narrativa carregada de emoções pesadas e com uma conclusão impressionante.

Spoilers adiante!

A revelação final justifica a produção de Coringa: Delírio a Dois. A sequência não existe apenas de esticar a estória do filme anterior e acrescentar a origem da Arlequina. Acima disso, aqui se revela que Arthur Fleck não é o Coringa que todos conhecem como o arqui-inimigo do Batman. Mas, é o responsável pela sua origem – uma maldição transmitida como uma doença através do beijo em uma cena na primeira parte, ou um mau exemplo a ser seguido. Aquele Coringa oponente do Batman, que corta as extremidades da sua boca para formar um sorriso permanente, surge ali nos segundos finais, em segundo plano, em imagem desfocada.

Com isso, os roteiristas Todd Phillips e Scott Silver parecem jogar na cara do público: o que, de fato, é real e o que é imaginação?

___________________________________________

Ficha técnica:

Coringa: Delírio a Dois | Joker: Folie à Deux | 2024 | 138 min. | EUA | Direção: Todd Phillips | Roteiro: Todd Phillips, Scott Silver | Elenco: Joaquin Phoenix, Lady Gaga, Zazie Beetz, Catherine Keener, Steve Coogan, Brendan Gleeson, Harry Lawtey.

Distribuição: Warner Bros.

Trailer: acesse aqui.

Onde assistir:
Cena do filme "Coringa: Delírio a Dois"
Cena do filme "Coringa: Delírio a Dois"
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo