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Destacamento Blood (filme)
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Destacamento Blood

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

Com Destacamento Blood, Spike Lee prova que bom entretenimento não precisa ser alienante.

De fato, esse longa-metragem da Netflix possui muita ação. Nele, os flashbacks levam o espectador aos combates de guerra. Enquanto isso, as sequências atuais levam a uma aventura em busca de um tesouro.

O enredo

Quatro veteranos da Guerra do Vietnã se reencontram. O motivo é procurar a ossada de Norman, nas selvas onde combateram. Norman foi um companheiro de pelotão que morreu em combate. Adicionalmente, buscam um carregamento de ouro vietnamita que eles encontraram e esconderam nas montanhas.

Contudo, essa jornada apresenta vários desafios. Além do perigoso terreno que esconde minas que não foram detonadas nem desativadas, os quatro ex-combatentes, e mais o filho de um deles, desconfiam um do outro. E, também, do golpista que eles contratam para vender o ouro em troca de uma comissão.

Durante a aventura, o diretor Spike Lee mostra que consegue construir cenas de ação emocionantes. Por exemplo, as várias sequências de combate na guerra do passado. Além disso, as perseguições e embates pelo ouro nos dias atuais. Nesse sentido, reparem na tensa cena em que o grupo tenta salvar um deles, que pisou em uma mina.

E o filme privilegia o protagonismo de Paul. Depois, em grau um pouco menor, Otis, que teve um caso com uma prostituta durante a guerra. Porém, faltou dar mais espaço para os outros dois veteranos, Eddie e Melvin, a fim de equilibrar a importância que todos tinham no grupo.

Referências

Notoriamente, Lee faz referências ao filme Apocalipse Now (1979), quando os veteranos partem para a missão deles a bordo de um barco. De fato, a trilha sonora traz a ópera “Cavalgada das Valquírias”, de Richard Wagner, como no filme de Francis Ford Coppola. E Destacamento Blood também traz um personagem enlouquecendo por causa da guerra. Ou seja, quando Paul apresenta o seu monólogo olhando para a câmera.

Sob outro aspecto, Spike Lee diferencia as sequências de flashback e as ações atuais através do formato na tela. Apropriadamente, as cenas do passado apresentam formato letterbox. Já as atuais estão em widescreen. Aliás, o seriado Homecoming: De Volta à Pátria (2018) usou o mesmo recurso, com finalidade um pouco mais complexa. Analogamente, essa série aborda veteranos de guerra em sua estória,

A marca de Spike Lee

Mas, não é o que descrevemos acima que caracteriza Destacamento Blood como um filme do cineasta Spike Lee. Na verdade, sua assinatura está em outros momentos emblemáticos. Assim, o prólogo é tipicamente uma marca sua. É uma montagem com falas e/ou imagens de Muhammad Ali, Malcolm X, Kwame Ture, Angela Davis, Ho Chi Min, Lyndon B. Johnson, Richard Nixon, Bobby Seale, bem como imagens da guerra do Vietnã e das atrocidades com civis locais, protestos. E tudo isso para apresentar o contexto histórico que permite uma melhor apreciação do filme que veremos.

Afinal, os quatro veteranos, juntamente com o falecido Norman, se autodenominavam os “Blood”. Dessa forma, identificam esse grupo unido de irmãos negros. Eles estavam conscientes do esquema do governo que enviava, proporcionalmente, mais negros que brancos para a guerra. Porém, sem o líder ideológico deles, o falecido Norman, o grupo se separa e toma rumos diversos. Aliás, um deles até confessa ter votado em Donald Trump.

Igualmente, Spike Lee faz questão de manter seu espectador consciente também. Por isso, outras figuras históricas, vitais no combate ao racismo, são citados. Não só no prólogo, mas durante todo o filme. E, quando isso acontece, são acompanhados da imagem deles com alguma informação adicional.

Ativismo

Na conclusão, Lee repete o que fez no final de Infiltrado na Klan (2018), seu filme anterior. Ou seja, reforça sua mensagem ativista contra o racismo, inserindo cenas de um discurso de Martin Luther King Jr.. E, um pouco antes, ele parece ter previsto o destino de George Floyd, ao inserir como parte da narrativa uma cena com o movimento #BlackLivesMatter. Na verdade, ele não fez uma previsão, mas estava convicto que isso aconteceria. E, pior, que ainda continuará se repetindo, se nada mudar. Prova disso é seu vídeo com colagens publicado em suas contas nas redes sociais, com mortes de negros por policiais do seu filme Faça a Coisa Certa (1989), de Eric Garner (2014) e de George Floyd. Definitivamente, o cinema de Spike Lee é necessário para esse mundo preconceituoso.


Destacamento Blood (filme)
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