Após surgir como o mais novo grande talento da ficção científica com o filme “Distrito 9” (District 9, 2009), o diretor sul-africano Neil Blomkamp foi contratado para rodar a produção norte-americana “Elysium”. Agora, com orçamento generoso e elenco de estrelas e internacional. No entanto, o resultado é inferior, o que o levou a voltar parcialmente para a África do Sul no próximo filme, “Chappie” (2015). A temática central une esses seus três longas metragens, ou seja, todas ficções científicas com crítica social.
A trama
Desta vez, a estória se passa em 2154, quando a superpopulação da Terra incentiva os mais ricos e poderosos a criarem uma cidade satélite que orbita em torno do planeta, artificialmente bela e luxuosa, com piscinas em mansões e bairros planejados. A tecnologia evoluiu a ponto de criar uma máquina que identifica e cura qualquer doença de uma pessoa em instantes. Em contraponto, na Terra habitam os menos favorecidos que trabalham como escravos para sustentar e suprir aqueles que orbitam ao redor do planeta. Parte deles constrói robôs cuja função é justamente vigiá-los.
Max (Matt Damon) sofre um acidente de trabalho e é exposto a radiação letal. Para se salvar, sua única chance é se tratar na máquina de cura na cidade satélite. Drama semelhante sofre Frey (Alice Braga), amiga de infância de Max, que deseja salvar sua filha leucêmica. Ademais, outro que procura chegar à remota localização dos privilegiados é o líder rebelde Spider (Wagner Moura), como parte dos planos de derrubar essa injusta desigualdade social. Então, quem deve impedir essa invasão é a prefeita Delacourt (Jodie Foster).
Análise
A parte introdutória de “Elysium” é a melhor do filme, com câmera na mão, em tom realista para descrever a precária vida dos habitantes da Terra, tendo as favelas da Cidade do México como pano de fundo. Nessas sequências, acompanhamos um recorte da infância de Max e Frey, amigos apaixonados que mais tarde tomariam rumos diferentes na vida. Então, o filme retoma a estória anos depois quando os protagonistas se reencontram.
Essencialmente, a crítica social do filme enfoca um possível futuro, consequência da superpopulação e da desigualdade crescentes que existem hoje. O foco da estória é a cidade de Los Angeles, onde os latinos sobram na Terra e não alcançam o status necessário para viver na cidade satélite. Porém, a fraqueza da trama salta da tela pela facilidade em invadir o habitat dos poderosos e a ingenuidade de se prever uma máquina que cura todas doenças. Assim, essas fantasias se chocam com o tom semi-realista do início do filme, podendo distanciar o espectador que estava engajado no enredo.
Por outro lado, quanto ao elenco, a estrela Matt Damon não desaponta. Porém, parece demasiadamente protocolar, sem se preocupar em acrescentar algum talento especial ao filme. Contudo, ruim mesmo está Jodie Foster, inesperadamente canastrona como a autoritária prefeita. Já Alice Braga e Wagner Moura marcam a presença brasileira sem desapontar. Há ainda no elenco Diego Luna, que trabalharia em “Rogue One: Uma História Star War” (Rogue One, 2016).
Enfim, é uma pena que Neil Blomkamp não pôde repetir aquela sensação de realismo de “Distrito 9”, que tornava a presença dos alienígenas extremamente verossímil. Sem isso, “Elysium” se tornou uma aventura de ficção científica como muitas outras por aí.
Ficha técnica:
Elysium (Elysium, 2013) EUA, 109 min. Dir/Rot: Neil Blomkamp. Com Matt Damon, Jodie Foster, Sharlto Copley, Alice Braga, Diego Luna, Wagner Moura, William Fichtner, Brandon Auret, Josh Blacker, Emma Tremblay, Jose Pablo Cantillo, Maxwell Perry Cotton, Farn Tahir, Jared Keeso.