“Enquanto Somos Jovens” é mais um filme do diretor e roteirista Noah Baumbach que merece ser visto. O cineasta que assina filmes como “A Lula e a Baleia” (2005) e “Frances Ha” (2012) é um nome de prestígio no cinema independente americano.
Baumbach injeta frescor em seus trabalhos, principalmente em diálogos inteligentes que lembram Woody Allen, ainda mais quando ele filma um diálogo nas ruas mantendo a câmera fixa e os personagens caminhando em direção a ela, imagem recorrente na filmografia de Allen. O prólogo de “Enquanto Somos Jovens” já foge do lugar comum quando coloca na tela uma sequência de diálogos tirados de “A Master Builder”, de Henrik Ibsen, introduzindo assim o tema do filme: a negação do envelhecer.
Josh (Ben Stiller) é um documentarista de 44 anos, casado com Cornelia (Naomi Watts), com idade próxima. O casal não conseguiu ter filhos, e quando seus melhores amigos ganham um bebê, isso começa a afastá-los. É quando Josh e Cornelia conhecem Jamie (Adam Driver), um jovem de 25 anos pretendente a cineasta, e sua esposa Darby (Amanda Seyfried).
Opostos
Mas os dois casais têm hábitos opostos. O casal mais velho vive cercado de tecnologia, enquanto o casal jovem ouve discos de vinil, escreve em máquina de escrever, assiste vídeo cassete, e pratica esportes. Josh e Cornelia se encantam com esse modo de vida mais orgânico e passam a conviver com eles, seguindo seus costumes.
Os amigos da mesma idade parecem agora acomodados demais para Josh e Cornelia, abertos para novas experiências, como uma sessão de terapia alternativa. Porém, quando descobrem que Josh se aproximou deles apenas para impulsionar sua carreira, eles começam a rever essa mudança em suas vidas.
O diretor mantém o ritmo ágil nessa gostosa comédia, não só nos diálogos comentados acima, mas também ao empregar colagens para contar visualmente a narrativa. Faz isso para comparar os costumes diferentes dos dois casais, e para mostrar a evolução da amizade deles, cada vez compartilhando as atividades.
Ben Stiller e Naomi Watts, os mais velhos, e Adam Driver e Amanda Seyfried, os mais jovens, funcionam muito bem nesses papéis, inclusive fisicamente. Suas interpretações econômicas acertam o tom de comédia dramática que o filme exige, sem deixar cair no humor barato. Stiller, que é um comediante mais histriônico, desta vez está bem contido.
Em suma, “Enquanto Somos Jovens” envolve o espectador com sua estória facilmente identificável sobre um tema universal e constrói um belo arco dos personagens principais, que terminam a estória modificados, e melhores.
