Imaginário (Imaginary) não se decide se é um terror para pré-adolescentes ou para adultos. Seu diretor, Jeff Wadlow, já trabalhou nos dois formatos, e se deu melhor em A Maldição de Bridge Hollow (The Curse of Bridge Hollow, 2022), filme de Halloween da Netflix com sustos leves. Quando buscou um terror mais violento, na sua versão de A Ilha da Fantasia (Fantasy Island, 2020), acabou seduzido pelo gênero ação, e filmou cenas que não conseguem assustar.
Quem tem acertado no tom de filme de terror que assustam sem ser violentos é James Wan. Seja como diretor em suas franquias Sobrenatural e Invocação do Mal, ou como produtor em M3gan (2022) e outros. Este último, produzido pela Blumhouse, a mesma empresa por trás de Imaginário. Talvez a meta fosse atingir o mesmo público, mas a proposta não vingou.
O ursinho de pelúcia
Na trama, Jessica (DeWanda Wise) retorna para a casa onde viveu quando criança. Desta vez, para morar com seu marido Max (Tom Payne). E, também, com as duas filhas dele, a adolescente Taylor (Taegen Burns) e a menina Alice (Pyper Braun). Quando a filha menor começa a falar com um amigo imaginário, Jessica desconfia que algo estranho está acontecendo. Logo, ela descobre esquecidas conexões com o seu passado.
Entre os elementos juvenis, está o ursinho de pelúcia que Alice encontra no porão da casa. Na verdade, o brinquedo é uma das maiores falhas do filme, pois mostra na tela algo que não é verdade. E num ponto de vista objetivo, e não de uma personagem, o que seria correto. À parte esse erro fatal, transformar um bicho de pelúcia em um monstro assustador não é fácil. A produção aqui pensou que aumentar o seu tamanho e colocar neles dentes afiados seria suficiente. Não é, e gera cenas inofensivas.
Da mesma forma, os protagonistas vão parar num mundo sobrenatural que também não assusta nada. Colorido e claro demais, em contraste com outras cenas escuras do início do filme, o cenário lembra algumas das viagens de Freddy Krueger em seus sonhos. Mas o serial killer com o rosto queimado já era suficientemente aterrorizante.
Pequena dose de terror
Imaginário até apresenta um ser sombrio, aquele que aparece em sombras e depois ataca Jessica, mas ele é pouco explorado. Além dele, há outros momentos que apontam para um terror mais eficiente. O melhor deles é aquele com a versão assombrada de Alice, que fica parada olhando para a parede, como em A Bruxa de Blair (The Blair Witch Project, 1999).
Porém, com exceção da aparição surpresa dessa Alice do mal, os jump scares são chochos. O clima sinistro fica prejudicado por algum fator atenuante, como a presença da vizinha deslumbrada no mundo sobrenatural. Considerando ainda a traição ao público, Imaginário pouco tem a oferecer.
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Ficha técnica:
Imaginário – Brinquedo Diabólico | Imaginary | 2024 | 104 min | EUA | Direção: Jeff Wadlow | Roteiro: Greg Erb, Jason Oremland, Jeff Wadlow | Elenco: DeWanda Wise, Taegen Burns, Pyper Braun, Betty Buckley, Tom Payne, Veronica Falcón.
Distribuição: Paris Filmes.
Trailer: