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Meu Ano em Nova York (filme)
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Meu Ano em Nova York

Avaliação:
7.5/10

7.5/10

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Crítica | Ficha técnica

Detalhes deliciosos conduzem com suavidade a trama de Meu Ano em Nova York (My Salinger Year, 2020). O filme adapta o livro que Joanna Rakoff escreveu sobre sua experiência trabalhando para a agência literária A&F, cuja carteira incluía clientes como Agatha Christie, Dylan Thomas, F. Scott Fitzgerald… E, claro, J.D. Salinger, referência do título original que a distribuidora brasileira desperdiça, desconfiando que os brasileiros não têm cultura literária suficiente para conhecer o autor de “O Apanhador no Campo de Centeio”.  Com isso, não aproveita o potencial que o charmoso “My Salinger Year” reúne para atrair os amantes da literatura.

Considerando o enredo, o título original poderia até ser “The Devil Reads Salinger”, pois se assemelha a uma versão do filme O Diabo Veste Prada (The Devil Wears Prada, 2006). Sigourney Weaver não chega a ser uma Meryl Streep, mas é ótima atriz e desempenha com perfeição a proprietária durona da agência literária. Já Margaret Qualley, que ganhou fama com Era uma Vez em Hollywood (Once Upon a Time in Hollywood, 2019), conquista destaque cada vez maior. Em Meu Ano em Nova York, Margaret parece até imitar alguns trejeitos de Anne Hathaway, como a assistente que precisa lidar com uma chefona rigorosa que, por fim, enxerga seu talento e lhe abre as portas.

A história

Em 1995, Joanna (Margaret Qualley) sonha em ser escritora, mas começa por baixo dentro do ramo. Muda-se para Nova York, onde começa a trabalhar como assistente de Margaret (Sigourney Weaver), dona da tradicional agência literária A&F. As tarefas de Joanna são bem simples: passar para o papel correspondências ditadas num gravador, ler as cartas endereçadas a J.D. Salinger, que é cliente da agência, e triturar documentos. Mas, a sua proatividade logo a empurra para novos desafios, entre erros e acertos, empolgações e decepções. Enquanto isso, abandona o namorado de antes para viver com um novo na Big Apple, e reluta em colocar em marcha sua carreira literária.

O diretor e roteirista canadense Philippe Falardeau, de A Boa Mentira (Te Good Lie, 2014), sabe usar os recursos cinematográficos em prol do engajamento do espectador. De cara, coloca a protagonista endereçando sua fala introdutória diretamente para a câmera. E, ao longo do filme, ele mantém essa conexão por meio da narração da personagem. A quebra da quarta parede também marca a leitura de algumas das cartas endereçadas a J.D. Salinger. Assim, no lugar do tradicional voice over, os fãs do escritor falam para a câmera.

Além disso, Falardeau eleva esse célebre autor a um patamar mitológico. E, faz isso sutilmente. Na primeira vez que o escritor telefona para a agência, a câmera desfoca Joanna, que está em primeiro plano, para destacar Salinger no quadro que está atrás dela. Depois, quando Joanna o vê só de relance e de costas numa reunião em Washington. Por fim, essa ideia é reforçada na última cena.

Epifanias

Em alguns rechos, Philippe Falardeau arriscas voos mais altos. Por exemplo, quando reúne esses fãs que escrevem a Salinger em um ônibus com Joanna, num momento imaginário que marca uma autorreflexão da protagonista. Em outra cena, ainda mais fantasiosa, ela dança com o antigo namorado no corredor de um restaurante de luxo. Enfim, sejam poéticos, como esses, ou realistas, não faltam os interlúdios de epifania que devidamente caracterizam essa fase de amadurecimento da futura escritora. Joanna está sempre reavaliando sua situação. Dessa forma, as suas decisões na conclusão do filme aterrissam suavemente na pista que definirá o restante de sua vida.

Apesar do camuflado título nacional, Meu Ano em Nova York é indiscutivelmente indicado aos apreciadores da literatura.

“O que realmente me arrebata é um livro que, quando você termina de lê-lo, você deseja que o autor que o escreveu fosse um grande amigo seu e você pudesse ligar para ele no telefone sempre que quisesse.” – J.D. Salinger


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