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Poster do filme "O Corvo" (2024)
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O Corvo (2024)

Avaliação:
5,5/10

5,5/10

Crítica | Ficha técnica

A primeira adaptação para o cinema do comic book “The Crow” de James O’Barr, lançada em 1994 e dirigida por Alex Proyas, ficou marcada pela morte do ator protagonista, Brandon Lee, durante as filmagens. A fatalidade obscureceu o que merecia uma apreciação maior (leia a nossa crítica do filme). Agora surge uma nova versão da mesma obra, O Corvo, com direção de Rupert Sanders, de Branca de Neve e o Caçador (2012) e Ghost in the Shell (2017).

O autor do roteiro dessa nova adaptação é o oscarizado Zach Baylin, que chegou à função recentemente, com grande alarde. Mas não é para tanto. O Oscar veio logo na sua estreia, com o superestimado King Richard (2021). Depois, emplacou Creed III (2023), Gran Turismo (2023) e Bob Marley: One Love (2024), filmes acima da média, porém, longe de terem enredos formidáveis. O que une todas essas obras, e marca também O Corvo, é a longa duração. Todos se estendem por quase ou mais que duras horas. Definitivamente, síntese não é uma das melhores capacidades de Baylin.

Por isso, O Corvo gasta os primeiros 30 minutos contando a história de amor do casal central. A justifica é que o filme reforça várias vezes que esta é uma história de amor – e não de vingança, como a versão original. Tal necessidade acompanha a liberdade de mudar a trama, que aqui toma novos rumos. Shelly (interpretada pela cantora FKA twigs, o que leva o diretor a forçar um breve número musical) se envolveu com pessoas do mal e, para fugir delas força um encarceramento numa instituição psicológica. Lá, ela conhece Eric (Bill Skarsgård, o ator que fez o palhaço assassino de It: A Coisa [2017]). Rapidamente (demais) eles se apaixonam e facilmente (demais) fogem desse local.

O amor no lugar da vingança

O rock, que estava tão ligado à história no filme de 1994, desta vez dá lugar a uma música aleatória, de gêneros diversos. Entra de forma repentina na fuga do casal, dando um inadequado clima de filminho de ação. Depois, surge na montagem que expressa a progressão do amor entre Eric e Shelly, descambando para o citado trecho musical com FKA cantando versos escritos pelo namorado.

Nesses dispensáveis 30 minutos iniciais, enquanto rola esse romance mal contado, fica evidente que o filme não se preocupa com o clima soturno, gótico, que marcou favoravelmente a adaptação de Alex Proyas. O sol faz parte de várias cenas na versão de Rupert Sanders, que inclusive sai do ambiente urbano para ir ao campo celebrar o amor do casal. Ademais, os cenários privilegiam o luxo. O vilão principal, longe de ser o líder de uma gangue de traficantes, é um empresário milionário, Vincent Roeg (Danny Huston), cujo poder se origina de um pacto com o sobrenatural.

Nesse ambiente nada sombrio, acontece o crime. Os contratados de Roeg encontram Shelly e a matam, e Eric também por estar junto com ela. Ainda martelando a ideia de afastar a vingança como motivo central da trama, esses assassinatos não são tão brutais a ponto de gerar uma fúria terrível capaz de trazer a pessoa de volta do mundo dos mortos.

O clímax na ópera

Tudo isso que acontece até os 30 minutos desse novo O Corvo era habilmente contado através de inserções em flashback no filme de Proyas. Que, além de ser mais suscinto, era acima de tudo mais impactante. Neste novo filme, Eric precisa negociar com o diabo a sua volta para o mundo dos vivos. Desta forma, o roteiro aproveita para explicar verbalmente o que está acontecendo – ao invés de deixar o espectador descobrir por si só. Como se não bastasse uma vez, Eric ainda retorna em mais duas oportunidades para falar com o demo.

Somente na parte final O Corvo, enfim, entrega o que o público quer ver. Inspirado por Coppola, e talvez por Suzuki, o diretor Rupert Sanders constrói uma belíssima sequência de matança num luxuoso teatro que apresenta uma ópera. Sincroniza, assim, as lutas com as danças, as mortes violentíssimas com os trechos dramáticos da obra musical. Eric, nesse momento, se tornou letal e, então, já não importa mais que faz tudo isso por amor. Só o puro ódio mesmo para provocar essa brutalidade toda.

Essa sequência, enfim, é que salva O Corvo do desastre. Sanders trocou o underground pela high life, o lixo pelo luxo, a vingança pelo amor. Nesse novo ambiente, a ópera foi uma boa escolha, ainda que não original, para o clímax do filme. Deveria terminar aí, mas ainda segue por mais alguns arrastados minutos que baixam o calor desse instante de emoção, fazendo o espectador sair do cinema em temperatura morna.

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Ficha técnica:

O Corvo | The Crow | 2024 | 111 min | Reino Unido, França, EUA | Direção: Rupert Sanders | Roteiro: Zach Baylin, William Schneider | Elenco: Bill Skarsgård, FKA twigs, Danny Huston, Josette Simon, Laura Birn, Sami Bouajila, Karel Dobrý, David Bowles, Isabella Wei.

Distribuição: Imagem Filmes.

Trailer:

Trailer de “O Corvo” (2024)

Onde assistir:
Cena do filme "O Corvo" (2024)
Cena do filme "O Corvo" (2024)
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