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Em Ritmo de Fuga (filme)
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Em Ritmo de Fuga

Avaliação:
6/10

6/10

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Crítica | Ficha técnica

“Em Ritmo de Fuga” é o ambicioso filme do diretor inglês Edgar Wright, cuja carreira decolou com a paródia de filmes de horror “Todo Mundo Quase Morto” (Shaun of the Dead, 2004). Wright tentou fazer uma obra estilosa, com música e aventura embaladas em montagem moderninha.

A trama

A premissa da estória até que era interessante. Baby (Ansel Elgort) é um jovem com extraordinária habilidade ao volante que é usado por Doc (Kevin Spacey) em seus golpes criminosos. O rapaz está obrigado a realizar esse papel porque perdeu uma carga valiosa em um carro de Doc que ele roubou inadvertidamente. Em flashback, repetido desnecessariamente duas vezes no filme, entendemos que Baby perdeu os pais em um acidente de trânsito que também o feriu. Como resultado, ficou com um zunido constante que só é amenizado quando ele ouve música em seu Ipod.

Por isso, ele vive com o fone de ouvidos, meio que alienado ao que está ao seu redor. Prestes a cumprir sua última missão, ele só pensa em começar seu namoro com a garçonete Debora (Lily James) e garantir uma vida tranquila para seu pai adotivo. Porém, o perigoso Doc força-o a continuar sob seu comando.

As falhas

Apesar dessa boa premissa, que conta com um protagonista diferenciado, com idiossincrasias próprias e um trauma que as justifique, o roteiro é uma lástima. O vilão Doc só se sustenta até o meio do filme. Depois, inexplicavelmente, o todo poderoso insiste em contratar Bats (Jamie Foxx) para executar seus planos, mesmo estando evidente que ele não é nada confiável. O final do filme, então, destrói a construção do personagem. Afinal, ele resolve atender um pedido de Baby só porque percebe que o rapaz está apaixonado por Debora, e isso o faz relembrar quando ele ainda podia amar as pessoas.

Contudo, o que incomoda mais é a insistência em sequências com Baby cantarolando, cheio de trejeitos, as músicas que ele ouve no fone de ouvidos. Ao invés de cool, o personagem soa ridículo a ponto de provocar risos constrangedores. São cenas filmadas em plano sequência descaradamente coreografadas, como se fossem videoclipes, e ainda repleto de merchandising (Ipod, Subaru, franquia de cafés, etc.)

Além disso, a falta de carisma do ator Ansel Elgort prejudica o filme. Ele não consegue um desempenho à altura de Taron Egerton, o jovem que protagonizou outro filme de ação modernoso, o muito superior “Kingsman: Serviço Secreto” (2014).  Elgort, conhecido por “A Culpa é das Estrelas” (The Fault in our Stars, 2014) e pela franquia de “Divergente” (2014), carece do charme que o personagem devia ter, e parece bem desconfortável nas cenas de cantoria.

Ademais, a escalação da insossa Lily James, de “Cinderela” (2015), como sua namorada, não acrescenta nenhum tempero ao casal central. Teria sido melhor sair do lugar comum do parzinho caucasiano e ter escalado a mexicana Eiza González, mais bonita e mais apimentada, no papel de Debora, ao invés da criminosa Darling. Inclusive, porque Eiza pareceria mais convincente nas cenas de ação na parte final.

Cenas de carros

O que “Em Ritmo de Fuga” possui de melhor são as cenas de acrobacias com os carros, em perseguições pela cidade de Atlanta. O excepcional trabalho dos stunts é sincronizado com uma ótima edição de som, e essas sequência conseguem empolgar o espectador. Ainda em relação ao som, encaixou bem a ideia de reduzir o volume após Baby ter sua audição destruída por um dos bandidos. A seleção da trilha sonora também merece destaque, apesar de que não funcionou usar “Brighton Rock”, do Queen, no duelo de automóveis dentro de um estacionamento, mesmo sendo uma música maravilhosa.

Enfim, a pretensão exagerada de realizar um filme estilizado acabou por tornar as ações coreografadas demais, o que diminui a emoção dessas cenas. O diretor Wright chega ao absurdo de sincronizar os tiros das metralhadoras com a batida da música (“Hocus Pocus”, do Focus). Em suma, o foco em criar estilo acabou jogando a empolgação do público para o escanteio.

 

Em Ritmo de Fuga (filme)
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