Metal Lords captura o espírito dos jovens que tentaram uma carreira musical dentro da música que mais amam, o heavy metal. Esse duro caminho, que não passou de sonho para a maioria, foi muito percorrido nos anos 1980 e 1990. Esse gênero possui na sua essência um alto potencial dramático, pois sua marginalidade agrega seus fãs, que encontram nele sua voz, sem se resignarem a seguir o que está na moda. Um dos protagonistas comenta, inclusive, que o heavy metal não é passageiro, é eterno. Talvez, por isso, os realizadores optaram por não fazer um filme de época.
É provável que você não conheça os nomes do elenco. Mas, com exceção de Adrian Greensmith, que faz Hunter, o dedicado guitarrista e radical fã de heavy metal, os outros dois atores principais não são desconhecidos. Quem vive o protagonista Kevin é Jaeden Martell, que já esteve em O Chalé (The Lodge, 2019), em It: A Coisa (2017) e sua sequência de 2019, e em Entre Facas e Segredos (Knives Out, 2019), entre outros. Desta vez, ele interpreta um tocador de bumbo na fanfarra da escola que quer ser o baterista da banda de Hunter, mas não sabe tocar o instrumento e não conhece nada de heavy metal. Isis Hainsworth fecha o trio principal, após atuar em Emma. (2020) e Miss Revolução (Misbehaviour, 2020), entre outros. Aqui ela é Emily, uma violoncelista com problemas de autocontrole, que se envolve com Kevin e tenta entrar para a banda.
A força dos bastidores
E, apesar do elenco sem astros, Metal Lords é uma produção acima da média. David Benioff e D.B. Weiss, produtores de Game of Thrones, são dois dos quatro produtores executivos. Outro produtor renomado, Greg Shapiro, e Weiss é também o autor do roteiro. E este é o quarto longa do diretor Peter Sollett. Além disso, traz pequenas participações de músicos consagrados do heavy metal: Scott Ian, Kirk Hammett, Rob Halford e Tom Morello. Mas, acima de tudo, a colaboração de Morello no projeto foi essencial para manter a autenticidade do cenário no qual a história acontece. O guitarrista do Rage Against The Machine, inclusive, compôs a música da banda de Hunter, chamada “Machinery of Torment”.
O próprio Morello conta sobre essa experiência: “Foi incrível remover todas as outras influências para voltar às minhas raízes e escrever uma música de metal, especialmente o solo. Na minha carreira, sou conhecido pelos meus ruídos tipo R2D2 e pela estranheza no som. Mas, para “Machinery of Torment”, as 20.000 horas que passei tentando soar como Yngwie Malmsteen foram finalmente liberadas.”1
Recursos conhecidos
O roteiro recorre à fórmula do concurso de talentos como o ápice dramático, recurso que já vimos em muitos filmes orientados à música. Da mesma forma, não é nada original inserir o bullying como tormento para um dos protagonistas (no caso, Hunter). Por outro lado, funciona perfeitamente a evolução dos personagens principais, que passam por uma fase de amadurecimento. Assim, Kevin e Emily perdem a virgindade juntos, em uma cena de rara delicadeza e bom gosto. Com isso, ganham confiança como pessoas, enquanto se desenvolvem como músicos. Já Hunter aprende a equilibrar melhor seu fanatismo, e, então, consegue se relacionar melhor com os outros. Nesse sentido, destaca-se o respeito pelo colega de escola que canta em uma banda pop, que o filme mostra que é uma pessoa boa.
Provavelmente, a consultoria de Tom Morello serviu, também, para rechear o filme com ótimas músicas do heavy metal ao longo da história. No entanto, não pense que Metal Lords agrada somente aos fãs desse estilo de música. Todos se identificam com seus personagens simpáticos, pois estamos lidando com valores universais que são eternos… assim como o heavy metal, parafraseando o personagem Hunter.
1 Fonte: Divulgação/Press kit
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Ficha técnica:
Metal Lords | Metal Lords | 2022 | EUA | 97 min | Direção: Peter Sollett | Roteiro: D.B. Weiss | Elenco: Jaeden Martell, Adrian Greensmith, Isis Hainsworth, Joe Manganiello, Noah Urrea, Michelle Fang, Brett Gelman, Analesa Fisher, Sufe Bradshaw, Katie O’Grady, Christopher M. Lopes, Phelan Davis, Rachel Pate
Distribuição: Netflix.